Em 2012, o jornal The New York Times publicou um estudo da Universidade de Yale que revelou como universidades e empresas favoreciam os estudantes homens em detrimento das suas colegas mulheres em processos seletivos. Não é segredo ou novidade para ninguém que as mulheres na ciência são desvalorizadas, recebem menores salários e têm dificuldade de conseguir bons empregos. Por isso, desde 2009 é celebrado o Dia de Ada Lovelace, em homenagem à primeira programadora do mundo. Conheça mais sobre essa pioneira que é exemplo para tantas mulheres.
1. A primeira programadora do mundo
Em 1843, Ada Lovelace traduziu os trabalhos do matemático Charles Babbage, que inventou o primeiro computador genérico, chamado de Analytic Machine. Assim, ela percebeu que a máquina seria capaz de muito mais coisas do que seu criador havia imaginado. As notas deixadas por Ada no texto têm mais conteúdo do que a tradução em si. Nessas anotações, ela criou um algoritmo que poderia fazer com que a Analytical Machine computasse uma série de números complexos, conhecidos como princípio de Bernoulli. Em outras palavras: Lovelace escreveu o primeiro programa de computador do mundo.
2. Filha do poeta Lord Byron
Lord Byron é considerado um dos maiores poetas da língua inglesa e Ada Lovelace é a sua única filha legítima. Ele se separou da mãe de Ada, Anne Isabella Byron, quando a menina tinha pouco mais de um mês de vida, em 1815. Lord Byron morreu aos 36 anos e teve pouco contato com sua filha. Apesar disso, pouco antes de Ada morrer, com a mesma idade, de câncer de útero, pediu para ser enterrada próximo ao pai, numa igreja em Nottingham, na Inglaterra.
3. Educação privilegiada
A mãe de Ada, Annabella, era grande estudiosa da matemática. Ela fez com que sua filha se dedicasse à ciência desde muito jovem. Esse tipo de educação era muito incomum para mulheres na época. O objetivo de Annabella era garantir que a filha focasse nos números e não seguisse a carreira poética de Byron, o que considerava insano. Um dos mentores de Ada Lovelace foi Augustus De Morgan, o primeiro professor de matemática na Universidade de Londres. Essa mesma universidade foi a primeira na Inglaterra a permitir que mulheres se graduassem. Mas isso só aconteceu em 1878, 26 anos após a morte de Ada.
4. Ciência poética
Apesar dos esforços de sua mãe, a poesia estava no sangue de Ada, que não conseguiu se afastar totalmente do seu lado artístico. Os números e a matemática eram sua forma de expressar a poesia. Ela chegou a escrever para sua mãe: “Se você não pode me dar poesia, poderia me dar ciência poética?”.
5. Personalidade excêntrica – ou “à frente do seu tempo”
Ada se casou e teve três filhos. Ao mesmo tempo que investia nos seus estudos da matemática, Lovelace também tinha costumes bastante incomuns para mulheres da sua época: gostava de beber e jogar. Ela inclusive tentou criar uma fórmula matemática para garantir seu sucesso no mercado de apostas. A iniciativa não deu muito certo e deixou Ada financeiramente quebrada. Ela também se envolveu em escândalos porque não era exatamente fiel ao marido.
6. Ela não foi reconhecida no seu tempo
Apesar de ter sido elogiada por colegas próximos, o reconhecimento do pioneirismo de Ada com programação só veio quase um século depois de sua morte. Isso foi quando Alan Turing, um matemático e cientista da computação renomado, fez referência ao trabalho dela.
7. Tudo sobre seu nome
Seu nome de nascimento é Augusta Ada Byron. Quando se casou, em 1835, passou a ser Augusta Ada King – seu marido era o Barão Willian King. Três anos depois, ele se tornou o Conde de Lovelace e Ada também ganhou o título, passando a ser a Condessa de Lovelace. O seu amigo e mentor Babbage a apelidou de “Feiticeira dos Números”.
Em 1979, o departamento de defesa dos Estados Unidos nomeou um código de linguagem como “Ada”, em sua honra. Em 2009, foi criado o Ada Lovelace Day, comemorado na segunda terça-feira de outubro, para incentivar mulheres na ciência. Ela também ganhou um doodle comemorativo no dia 10 de dezembro de 2012, data de seu aniversário.