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Eles enxergam o futuro

Além de acertar diagnósticos à distância, Edgar Cayce previa eventos como a Segunda Guerra Mundial. Nostradamus antecipou a morte de reis. Pura sorte?

Por Melissa Schröder
Atualizado em 22 dez 2017, 17h46 - Publicado em 22 dez 2017, 17h41
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  • Em 1935, o vidente Edgar Cayce, um americano de 58 anos cujo sonho era ser fotógrafo, realizava uma de suas previsões para um agente de transportes interessado em questões internacionais. Durante o transe, Cayce viu o mundo ser incendiado por grupos militares em busca de poder e expansão de territórios. Adiantou ainda que uma forte aliança entre austríacos, alemães e japoneses estava prestes a se formar. Era um prenúncio da Segunda Guerra Mundial 4 anos antes de o conflito se concretizar. Para Cayce, era apenas mais uma das previsões feitas enquanto aparentava estar dormindo, o que lhe rendeu o apelido de “profeta adormecido”.

    Criado em uma fazenda de tabaco no Kentucky, Cayce ganhou fama em 1910 fazendo diagnósticos. Com o nome e o endereço do paciente, era capaz de detectar a doença e indicar um possível tratamento (detalhe: ele estudou só até a 8a série). Foi depois do diagnóstico de Wesley Ketchum que virou notícia. O médico homeopata estava com um problema de saúde que ele e outros seis médicos acreditavam ser apendicite. Com a cirurgia para retirar o apêndice já marcada, ele se encontrou com Cayce.

    Ketchum tinha ouvido falar nos diagnósticos do vidente e estava profissionalmente interessado. Durante o encontro, perguntou se o sensitivo não poderia dar uma prova de seus poderes, mas o vidente só fazia leituras para quem realmente precisasse e encaminhasse a ele um pedido por escrito. Ketchum pegou papel e caneta e anotou um apelo de diagnóstico para suas dores. O vidente, que nada sabia sobre a cirurgia, disse que era um problema na coluna. Para a surpresa de Ketchum, o diagnóstico de Cayce se confirmou na semana seguinte. Não era apendicite, mas o pinçamento de um nervo que causava as dores. O médico ficou tão encantado com os poderes que havia vivenciado que escreveu um artigo chamando Cayce de “uma maravilha médica”.

    Foi, entretanto, a precognição – habilidade de conhecer algo do futuro antecipadamente por algum meio extrassensorial – que colocou Cayce na história. Além da Segunda Guerra, antecipou a quebra da bolsa de valores de Nova York, a morte de dois presidentes americanos e fez muitos prosperarem ao indicar a localização de poços de petróleo. Thomas Edison, Nikola Tesla e o então vice-presidente dos Estados Unidos, Henry Wallace, estavam entre os ilustres que se consultaram com o profeta adormecido. Mas, diferentemente de alguns clientes, o vidente nunca enriqueceu. Não cobrava pelas previsões e pelos diagnósticos que fazia. Só aceitava doações.

    Enquanto ninguém comprova o mecanismo da vidência, resta medir os acertos das previsões. Após a morte do pai, os filhos Edgar Evans Cayce e Hugh Lynn Cayce mediram a precisão de suas previsões. Eles contaram com os registros feitos pela estenógrafa que acompanhava o vidente durante as sessões. Depois de analisar o conteúdo das 14.246 leituras, chegaram à conclusão de que apenas 200 estariam erradas.

    A taxa de acertos também fez a fama de pessoas como o mais polêmico vidente de todos os tempos. Michel de Nostradamus (1503-1566) era médico da realeza, astrólogo e um profeta com visões apocalípticas sobre a humanidade. Suas previsões estão registradas no livro As Profecias, que teve a primeira edição lançada em 1558, quando Nostradamus ainda era vivo. Em edições póstumas (que podem ter sido alteradas no decorrer dos séculos), sua obra aparece, na maioria das vezes, composta de 1.085 quadras (estrofes de quatro versos), organizadas em 12 centúrias (capítulos com 100 quadras), 3 delas incompletas.

    Algumas versões, como a de 1650, incluem ainda presságios e outras previsões escritos por Nostradamus em cartas enviadas a reis e amigos. As quadras geralmente contêm mensagens escondidas e múltiplos significados – um prato cheio para todos os tipos de interpretação, permitindo que os especialistas na carreira do francês atribuam diversas previsões dentro de uma quadra.

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    Nostradamus foi estudado por vários autores. Enquanto alguns tentam traduzir as quadras incontáveis vezes, sempre alegando uma tradução incorreta, outros acreditam que o problema está na leitura que cada um dá ao conjunto de versos. Assim, fica fácil atribuir todo tipo de previsão ao profeta. A ascenção de Hitler seria uma dessas quadras ambíguas, segundo John Hogue, autor do livro Nostradamus e o Milênio. A suposta menção ao líder nazista apareceria no trecho: “Bestas selvagens e famintas irão cruzar os rios, a maior parte do campo contra Hister estará, em caixa de ferro o grande fará arrastar, quando o filho de alemães a nada obedecerá”. Para os céticos, tudo não passa de bobagem. “Hister” seria apenas um termo grego antigo para o rio Danúbio e não uma referência ao líder nazista na Segunda Guerra.

    Até o sucesso de Gangnam Style, o vídeo mais acessado da história do YouTube, entrou na conta dele. Uma quadra que nunca foi escrita pelo profeta circulou na internet como sendo a antecipação do fenômeno musical do rapper sul-coreano Psy. Segundo o canadense James Randi, um militante do ceticismo, sempre que acontece um grande evento ou desastre, as pessoas criam quadras falsas de Nostradamus ou leituras de Cayce e publicam na internet. Mas ninguém se torna famoso como o francês sem acertar na mosca ao menos uma vez.

    A previsão da morte de Henrique 2, rica em detalhes, é, ainda, uma das profecias mais impressionantes do vidente – concretizada quando Nostradamus era vivo, o que fortaleceu o mito. O rei da França morreu durante um torneio de justa, desafio medieval em que os dois oponentes se enfrentavam com lanças e espadas montados em cavalos. Quando a lança do adversário, o conde de Montgomery, se partiu em dois pedaços, a arma atingiu o olho do rei exatamente como Nostradamus havia descrito três anos antes.

    Morte anunciada

    Alguns animais demonstram um comportamento premonitório quando estão próximos da morte, o que poderia ajudar a explicar o fenômeno. Quem percebeu essa equivalência foi o parapsicólogo americano Robert Morris. Na década de 60, ele notou que, quando planejava matar os ratos do laboratório no final de experimentos, eles apresentavam um comportamento diferente. Decidiu investigar se os roedores eram capazes de pressentir a própria morte ao fazer um estudo que jamais poderá ser repetido em humanos. Usou uma grande caixa de 2,4 por 2,4 metros demarcada com pequenos quadrados no fundo.

    Depois, pegou um grupo de 16 ratos e os colocou sozinhos na caixa por 2 minutos, registrando o número de quadrados que eles exploravam. Quando retirado, o rato era entregue a um colaborador, que, aleatoriamente, matava ou poupava o bicho. O pesquisador que media os quadrados explorados não sabia se o rato iria morrer ou sobreviver, assim como o colaborador não estava informado sobre a movimentação do animal na caixa. Na conclusão do experimento, Morris comparou esses 2 registros e descobriu que a metade que sobreviveu explorou mais quadrados do que seus companheiros de espécie que haviam morrido. É como se os ratos executados ativassem um mecanismo de preservação da vida após pressentir o perigo.

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    Nostradamus e as quadras

    Morte de Henrique 2
    O jovem leão o mais velho vencerá
    No campo de batalha em luta singular
    Na caixa de ouro seus olhos ferirá

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    Duas feridas em uma, e uma morte cruel
    (Centúria I, quadra 35)

    O rei Henrique disputou um torneio de justa com o conde de Montgomery, 11 anos mais novo que ele. Ambos tinham leões em seu respectivo escudo. O rei usava uma viseira de ouro, que Nostradamus teria antecipado como a “caixa de ouro”. A lança do conde se partiu em dois pedaços com o choque, e uma delas atingiu os olhos do rei. A “morte cruel” seria a agonia de 10 dias que o rei viveu na cama antes de morrer.

    Ataques de 11 de Setembro
    Arrasador, um fogo do Centro da Terra

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    Irá sacudir as torres da Nova Cidade
    Duas grandes rochas lutarão uma longa guerra
    Até que as fontes de Arethusa limpem as águas do rio
    (Centúria I, quadra 87)

    “Centro da Terra” seria o World Trade Center. Em outra interpretação, o “fogo do Centro da Terra” seria o explosivo usado no ataque: combustível de avião feito de petróleo. As “torres” da “Nova Cidade” seriam as torres gêmeas de Nova York. As duas grandes rochas fariam menção à guerra entre cristãos e muçulmanos que aconteceu depois do ataque.

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    Morte de Maria Antonieta e Luís 16
    A época muito boa e o rei muito bom
    Serão aniquilados pronta e subitamente pela negligência
    Não farão bom juízo da leviandade da esposa do rei
    Será morto devido à sua benevolência
    (Centúria X, quadra 43)

    A rainha Antonieta era odiada pelos franceses por suas futilidades, mas Luís 16 tinha a simpatia do povo. Os dois foram mortos na guilhotina em 1793, durante a Revolução Francesa, incentivada, em parte, pela “leviandade” da rainha. O rei teria pago com a vida pela “benevolência” em relação ao estilo de vida da esposa.

    Você pode ler mais conteúdos sobre histórias sobrenaturais no nosso Dossiê “Sobrenatural: o lado oculto da realidade“, que está nas bancas.

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