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Macacos também comem mais “besteira” no frio

Não é só você que sente aquela fominha por macarrão cheio de queijo no inverno: macaquinhos chineses dobram seu consumo de carboidrato e gordura no frio.

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 12 jun 2018, 17h03 - Publicado em 12 jun 2018, 16h50

Não sei se é o seu caso, mas muita gente sente mais vontade de comer no frio. E de comer coisas específicas: massa, chocolate quente, fondue, suflês. É só baixar a temperatura que dá aquela vontade de ingerir aquela comidinha bem calórica. Nós, humanos, porém, não somos os únicos com esse hábito.. Pesquisadores da Universidade de Sidney, Austrália, descobriram que o macaco-dourado (Rhinopithecus roxellana), que vive em habitats frios e nevados da China, ajusta sua alimentação de acordo com o clima – e no inverno, curte carregar bem a dieta.

As “besteiras” que eles comem são basicamente quantidades grandes de carboidratos e gorduras. As montanhas Quinling, no centro da China, possuem florestas temperadas de grande altitude. No inverno, as temperaturas ficam abaixo de 0ºC e a neve cobre tudo por várias semanas – o que é extremamente frio para a sobrevivência de qualquer primata. E é por isso que nossos macaquinhos aproveitam para acumular bastante tecido adiposo.

Com o intuito de estudar essa mudança de hábito, os pesquisadores analisaram os alimentos consumidos pelos macacos em períodos mais amenos, como primavera, para, assim, calcular a composição nutricional de sua dieta normal. “Para entender melhor as adaptações que permitem que esses macacos vivam e prosperam em um ambiente tão hostil, testamos como eles lidam com custos energéticos adicionais de manutenção do calor no inverno”, disse David Raubenheimer, um dos autores do estudo.

O teste foi engraçado: os pesquisadores disponibilizaram um espécie de banquete para os bichos. Eles deixaram comida abundante durante todo o período do estudo, para saber exatamente a interferência da temperatura – e não deixar que possíveis intervenções ecológicas, como o que a natureza disponibilizou ou não, interferisse no resultado. E assim foi comprovado: os macacos comeram o dobro no inverno, comparando com a primavera. E eram só carboidratos e gorduras – a ingestão de proteínas, por exemplo, não mudou com os termômetros.

Explicando de forma simples, durante o inverno há um aumento no consumo energético nos mamíferos, porque a temperatura ambiente é menor que a corporal, e precisamos mantê-la constante. A produção de calor do corpo, necessária para manter nosso equilíbrio térmico, exige mais energia – daí a tendência a comer mais. Medindo a temperatura dos macaquinhos em pontos específicos, os pesquisadores descobriram exatamente qual a quantidade de calor perdida naturalmente por esses primatas à medida em que a temperatura ia baixando. Assim, comprovou-se que as calorias adicionais que eles comiam no inverno correspondiam exatamente ao calor que eles perdiam. Ou seja, a dieta mais carregada eram usada diretamente para o controle térmico.

Para os macacos, porém, foi bem mais fácil abandonar os hábitos alimentares baseados em carboidrato e gordura uma vez que o inverno chegou ao fim. Na primavera, mesmo com um banquete de comida disponível, eles comeram metade do consumido no inverno. Repito, mesmo com uma grande quantidade de comida a vista! Sim, eles são bem mais controlados que seus parentes Homo sapiens – e não sentem o mesmo impulso de comer sem necessidade nutricional, só para provocar a sensação de prazer.

O estudo com os macaquinhos chineses faz parte de uma pesquisa bem mais ampla que procura entender como os primatas não-humanos lidam com o excesso de comida. Quem sabe isso nos ajude a compreender porque muitas pessoas são tão vulneráveis a um pedaço de pizza, mesmo estando sem fome.

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