Em 1972, o astronauta americano Gene Cernan voltou da missão Apollo 17 dizendo que, em órbita a 320 quilômetros da Terra, tinha visto a Muralha da China. Ele confirmava, assim, uma especulação que já era muito popular, antes mesmo dos primeiros voos espaciais. Num livro chamado Maravilhas do Mundo, de 1938, o aventureiro Richard Halliburton escreveu: “Astrônomos afirmam que a Grande Muralha é a única obra do homem que pode ser vista do espaço”.
Ironicamente, foi um chinês quem desmentiu essa história. Em 2003, o astronauta Yang Liwei embarcou na espaçonave Shenzhou 5 para dar 14 voltas ao redor do planeta. Lá de cima, ele procurou bastante, mas não avistou a muralha. A saia justa foi tamanha que o governo chinês viu-se obrigado a retirar das cartilhas escolares a informação disseminada por Halliburton e Cernan.
A verdade é que a Muralha da China não pode ser vista do espaço a olho nu, ainda que o observador esteja na órbita mais baixa da Terra. Ela é muito estreita e foi construída com blocos de pedra cuja cor se assemelha à do solo. Astronautas como Gene Cernam, que viram a muralha lá do alto, precisaram de instrumentos ópticos para isso. Fotografá-la, por exemplo, só é possível com teleobjetivas poderosas. E mais: usando esse recurso, outras tantas obras feitas pelo homem também passam a ser visíveis – como grandes cidades, aeroportos, rodovias… Até as pirâmides do Egito.