A atmosfera de Marte, além de quase não ter oxigênio, é extremamente rarefeita – muitas vezes mais diluída que a da Terra. Não dá para decolar um avião com esse pouquinho de ar, é claro. Mas uma abelha não precisa deslocar tantas moléculas de gás assim para sair do chão. Afinal, ela pesa um décimo de grama.
É por isso que a Nasa quer dar o próximo passo na exploração do planeta vermelho usando abelhas futuristas: minúsculos insetos robóticos que poderiam voar por aí coletando dados e amostras em vários pontos da superfície do astro com mais rapidez e eficiência do que os rovers (jipinhos pesadões) e sondas que são usados hoje.
O projeto, criado por uma parceria entre pesquisadores japoneses e americanos, ainda está dando seus primeiros passos. Não se sabe, por exemplo, se os mini drones seriam mais eficientes com rotores de helicóptero, asas fixas ou asas que batem como as de insetos e pássaros reais. A única certeza é que as asas terão de ser desproporcionalmente grandes em relação ao corpo – com o ar mais rarefeito, a solução é aumentar a área para garantir a mesma sustentação que uma abelha terráquea teria.
As abelhas astronautas são um entre 25 projetos independentes de inovação em exploração espacial que a Nasa selecionou para ganhar 125 mil dólares como parte de um programa de incentivo chamado NIAC. Ao final de 9 meses, serão selecionados alguns finalistas entre esses 25, que receberão uma bolsa ainda maior para continuar transformando as ideias em realidade.
As abelhas ganharam destaque na mídia porque, graças ao enorme pedaço de terreno que são capazes de explorar e mapear com precisão (nada como trabalhar em grupo), elas são ótimas candidatas a encontrar resquícios de metano por aí. E metano é sinal de vida – prova disso são os 150 litros de metano que cada uma das 1,5 bilhão de vacas e bois desse mundão soltam em forma de pum na atmosfera todo dia. Veículos isolados, por serem maiores e terem uma área de atuação bem menor, não conseguem investigar os “cantinhos” tão de perto.
Os projetos concorrentes, porém, são tão legais quanto. Um robô “transformer” idealizado pelo Jet Propulsion Lab, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, é capaz de mudar de estratégia conforme o ambiente que está explorando. Na água, assume a forma de um torpedo; na superfície, se torna uma bolinha giratória ao melhor estilo BB-8 (de Star Wars).
“Ele se transforma em outros sistemas funcionais para desempenhar várias tarefas, como transportar objetos grandes e pesados, percorrer grandes distâncias gastando a menor quantidade possível de combustível e gerando redes para se comunicar com a superfície quando estiver em áreas de difícil acesso”, explicou ao Telegraph Aliakbar Aghamohammadi, líder do projeto.
Também estão nos planos um robô auxiliar que segue um usuário humano por aí, fornecendo comida, água e oxigênio por meio de uma espécie de cordão umbilical – e outro que dá saltos longos em ambiente de gravidade mais baixa para tornar a locomoção mais rápida em mundos alienígenas.
Você pode acompanhar o desenvolvimento dessas e das demais ideais no site do NIAC, aqui.