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“O cara”

Bonzinho para as câmeras, uma fera atrás delas: esse é James Cameron, a cabeça por trás de duas franquias de ficção científica e das duas maiores bilheterias da história do cinema

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Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 11 mar 2011, 22h00
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  • Texto: Salvador Nogueira

    Quem olha para o calmo semblante de James Cameron, atualmente com longos cabelos totalmente brancos, a aparência de um homem sereno de olhos azuis esverdeados, logo pensa: “Taí um vovozinho bonzinho”. Quem dera.

    Aos 55 anos, Jim é universalmente conhecido como uma fera. Adora gritar com todo mundo, não importa quem seja – pode ser com o gigante Arnold Schwarzenegger (durante a filmagem dos vários filmes que fizeram juntos) ou mesmo com um chefão de estúdio que paga a conta dos filmes dele. O homem não tem papas na língua.

    Um dos principais motivos pelos quais ele vira bicho (ou Mij, inverso de Jim, apelido dado pelos amigos a esse lado macabro de sua personalidade) é o simples fato de que Cameron sabe tudo sobre cinema. Literalmente tudo.

    O homem não nasceu diretor de superproduções. Aliás, ele não nasceu nada. Um dos 5 filhos de um engenheiro de uma companhia de papel, Cameron cresceu numa pequena cidade do Canadá em que basicamente nada acontecia. Aos 17, o pai se mudou para o sul da Califórnia, e ele foi junto. Pressionado a seguir com os estudos, Jim fez o que se espera de um rebelde: largou tudo. “Meu pai tinha diploma de pós-graduação”, diz Cameron, em perfil publicado na revista The New Yorker. “Mas, veja só, eu não queria fazer as coisas que ele achou que eu devia – sabe, alguma coisa boa, tipo engenharia.”

    Seguindo seus instintos, Cameron tentou se aproximar da coisa de que ele realmente gostava: o cinema. A paixão vinha desde 1968, quando ele viu 2001: Uma Odisseia no Espaço. Para consumá-la, Jim começou a trabalhar com escultura de modelos para o estúdio de Roger Corman, berço de diversos cineastas consagrados, como Francis Ford Coppola e Martin Scorsese, que se especializou em filmes de gênero (basicamente ficção científica e horror) feitos com baixo orçamento.

    Do departamento de arte, Cameron aprendeu tudo. Design, montagem de modelos e até maquiagem. Até hoje, ele mesmo faz retoques de maquiagem em seus atores. “Eu sempre faço, especialmente para sangue, ferimentos e sujeira”, diz. “Economiza muito tempo.”

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    Claro, ele sabe tudo de filmar também. Embora hoje já seja um diretor consagrado, Cameron faz questão de operar as câmeras ele mesmo sempre que possível. Acredita que isso dê um toque pessoal e intransferível a seus filmes. Com toda essa bagagem, não é à toa que ele se sinta com moral para dar bronca em todo mundo.

    Tudo isso fora o talento para contar histórias.

    O criador

    Não bastasse o domínio de todas as técnicas cinematográficas conhecidas, James Cameron é um inovador nato. “A palavra ‘Não’ e frases como ‘Isso é impossível’ e ‘Não pode ser feito’ – é isso que o deixa excitado”, diz o ator Bill Paxton, que trabalhou com ele pela primeira vez na década de 1980.

    Bem, foi com esse espírito criativo que James Cameron rompeu a fronteira dos filmes de baixo orçamento. Gastando pouquíssimo, criou O Exterminador do Futuro, peça independente que gerou uma franquia poderosa no cinema e na TV e teve até alguns resultados improváveis, como ajudar a eleger o atual governador da Califórnia. (O que seria do “governator” Schwarzenegger sem o Terminator?)

    A partir daí, resolveram dar dinheiro a ele. Dinheiro de verdade. O 2º filme da série, por exemplo, foi o primeiro a custar mais de US$ 100 milhões na história do cinema. E rendeu muito mais do que isso.

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    Contra a falsidade

    Embora seja um queridinho de Hollywood, ele não suporta a hipocrisia que ronda o mundo do cinema. Se você é bem-sucedido, todo mundo o trata bem e quer seus projetos. Se você leva um tombo, ninguém o olha na cara. “Eu tento viver com honra, mesmo que custe milhões de dólares e leve um longo tempo. Eu tentei não ser sugado no sistema de hierarquia de Hollywood. Pessoalmente, eu não gosto quando as pessoas são deferentes comigo porque sou um cineasta estabelecido.”

    Com esse jeito de ser, James Cameron hoje tem as duas maiores bilheterias da história do cinema (em números absolutos, sem a correção pela inflação). Titanic, de 1997, foi um marco na sua carreira. Primeiro, porque gastou os tubos e atrasou a entrega do filme, brigando um monte com o estúdio para manter sua visão intacta. Segundo, porque uma peça que a princípio poderia ser, no máximo, um sucesso modesto (todo mundo dizia que uma história em que já se conhece o final não poderia render grande interesse) surpreendeu e tornou-se o filme número 1 de bilheteria mundial (ameaçado somente agora, mais de 12 anos depois, graças ao fenômeno causado por Avatar).

    Ninguém pode negar que Cameron sabe dar ao público o que o público quer – até mesmo quando todo mundo acha que não é nada daquilo. Nesse sentido, suas convicções ajudam muito a preservar sua visão de entretenimento. E sua personalidade fora do cinema é exatamente a mesma. Exemplo: em 2004, Jim retirou seu pedido de obtenção da cidadania americana. O motivo? A reeleição do presidente George W. Bush.

    Embora tenha passado o intervalo entre Titanic e Avatar tocando projetos relativamente modestos de documentários, o verdadeiro gosto artístico de Jim tem a ver com pensar grande. “Eu gostei de fazer esses documentários, eles ajudaram a desenvolver muito da tecnologia, das câmeras 3D que usamos agora, mas o que eu gosto mesmo de fazer é um grande espetáculo”, explica Cameron, em entrevista em vídeo que será usada no lançamento de seu mais novo filme em dvd e Blu-ray. “Eu gosto de deixar as pessoas empolgadas do mesmo jeito que eu costumava ficar empolgado, e ainda fico, para ver um filme. Quando Cavaleiro da Trevas saiu, eu era mais um fã como todo mundo.”

    É dessa forma, com um gosto inabalável pela arte e pelo entretenimento, que Cameron se compromete a continuar satisfazendo a si próprio em suas próximas produções. E, por tabela, dando ao público exatamente o que ele quer.

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    Dos baixos orçamentos às superproduções
    Confira a filmografia de Cameron como diretor, com peças poucas e boas

    1981 – Piranha II

    1984 – The Terminator O Exterminador do Futuro

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    1986 – Aliens Aliens: O Resgate

    1989 – The Abyss O Segredo do Abismo

    1991 – Terminator 2: Judgment Day O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final

    1994 – True Lies

    1997 – Titanic

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    2009 – Avatar

     

     

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