Atividades cotidianas importantes (como comer ou se reproduzir) ativam o sistema de recompensa do cérebro, produzindo neurotransmissores como a dopamina, responsável pela sensação de prazer.
Mas e quando desistimos de uma tarefa que, antes, era muito prazerosa? O que acontece para que o cérebro abra mão da dopamina? Um grupo de pesquisadores da Universidade de Washington encontrou uma classe de neurônios que ajuda a esclarecer a questão.
Qual era o objetivo da pesquisa?
Estávamos estudando áreas do cérebro repletas de neurônios que produzem dopamina. Foi aí que achamos outro tipo de célula cerebral, que conversava com os neurônios dopaminérgicos, mas parecia inibi-los ao invés de estimulá-los.
Nós alteramos geneticamente ratinhos para que os neurônios em questão brilhassem com luz fosforescente. Aí, acompanhamos os animais enquanto realizavam tarefas prazerosas. Eles recebiam água com açúcar toda vez que empurravam uma válvula com o focinho. Só que o esforço era progressivo. Primeiro, um empurrão era recompensado com doce. Depois, eram necessários dois, três e assim sucessivamente. Uma hora, claro, os ratos paravam de empurrar, porque o esforço não valia a recompensa. Era esse momento que queríamos estudar.
E o que acontecia nesse instante?
Aqueles neurônios esquisitos começavam a produzir uma substância chamada nociceptina. A concentração dela aumentava gradativamente e, quando chegava ao ápice, os ratos desistiam. Tentamos, então, bloquear a produção de nociceptina no cérebro.
Resultado: os animais dobravam a quantidade de tentativas antes de desistir. Pensamos que pessoas expostas a traumas ou estresse excessivo podem ter esse sistema inibitório ativo demais, freando a motivação mesmo quando a recompensa é interessante e o esforço, tranquilo. Nesse caso, seria interessante “enfraquecer” a frustração para aumentar a motivação em quadros depressivos.