Pieter Zalis
Após a queda do ditador egípcio Hosni Mubarak, em 2011, a região virou um barril de pólvora, com conflitos envolvendo vários grupos. Entre eles, os beduínos do deserto de Sinai, que tiveram membros capturados pelo Exército egípcio e começaram a sequestrar turistas ocidentais para usá-los como moeda de troca. Mas os beduínos estão ficando conhecidos pela gentileza: os turistas raptados são bem-tratados, visitam pontos turísticos do Sinai, recebem várias opções de alimentação, com pratos típicos e ocidentais, e são libertados rapidamente.
“Foi divertido ficar com eles”, diz a brasileira Zélia Magalhães. Ela e uma amiga passaram nove horas como reféns dos beduínos. Durante esse período, acamparam no meio do deserto, trocaram sorrisos com crianças, aprenderam árabe, comeram batata frita e salada e visitaram tribos. Sara, a amiga, até recebeu uma proposta de casamento, que recusou.
Entre 2011 e 2012, os beduínos capturaram turistas sul-coreanos, americanos, um cingapurense e as duas brasileiras. Eles agem gentilmente com os raptados porque sabem que, se começarem a incomodar os turistas, poderão sofrer novos ataques das forças de segurança egípcias. A ideia é caracterizar o sequestro como uma espécie de passeio – e, ao mesmo tempo, atrair atenção para a causa beduína. “Não é um sequestro. É um safári turístico”, declarou o líder tribal Ahmed Hashem à revista The Atlantic.