Em 1960, só havia restado 14 tartarugas-gigantes-de-española em toda a ilha de Española, em Galápagos – 12 fêmeas, dois machos, um fiapinho só da população que um dia já passara dos 5 mil. O quadro era de extinção iminente para esses répteis pescoçudos que passam dos 100 anos e dos 100 quilos.
Foi nessa época que os biólogos de Zoológico de San Diego se deram conta de que existia uma 15a tartaruga-gigante-de-española: um macho nascido na aurora do século 20, que havia sido capturado por expedicionários no Caribe e cuja espécie até então era desconhecida. Diego era o nome dele, em homenagem à cidade californiana que o acolheu. E ele recebeu uma missão: salvar sua espécie da extinção.
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Quase meio século depois, mais de 2 mil tartaruguinhas já foram soltas numa das ilhas que ajudaram a inspirar Charles Darwin a perceber os princípios da evolução. Segundo um estudo genético, pelo menos 40% delas poderiam chamar Diego de “papai”. O tartarugão, hoje com 110 anos de idade, é o alfa indiscutível da espécie, e não dá sossego para seu harém de seis fêmeas, mantido cuidadosamente em cativeiro por biólogos da Estação de Pesquisa Charles Darwin.
A população de tartarugas-gigantes-de-española já passou de 1.000, uma recuperação quase milagrosa em relação à beira do abismo do século passado. Mas isso não quer dizer que a ameaça tenha desaparecido. A destruição de seu hábitat significa que não será fácil para a população continuar crescendo. Além disso, a baixa diversidade genética – a população toda tem os mesmos 15 pais e mães – significa que a espécie tem capacidade baixa de se adaptar a mudanças no ambiente. A tartaruga-gigante-de-española continua na lista de animais criticamente ameaçados de extinção, publicada todos os anos pela organização IUCN.
Por mais que haja dificuldades no futuro, não há como negar que o velho Diego está fazendo sua parte.