Existe a lenda de que a velhice traz consigo um estado mental mais tranquilo, uma felicidade mais serena — e, principalmente, uma grande sabedoria. Mas, embora a sabedoria aumente um pouco com a idade, cientistas descobriram agora que ela é muito mais um estado de espírito do que um traço de personalidade adquirido. Ela vem em ondas, pode aparecer em todas as idades, e depois pode desaparecer de novo.
A pesquisa foi feita com voluntários que receberam a missão de manter um diário. Nesse caderninho digital, eles deveriam anotar todas as experiências ruins que tiveram, incluindo as circunstâncias, o tempo, o local e as pessoas que estavam junto no momento. Em seguida, deveriam escrever como estavam se sentindo diante das adversidades. Os pesquisadores então olharam para essa parte do diário em busca de “argumentações sábias”, que a pesquisa definiu como “humildade intelectual, auto-transcendência e preocupação com perspectivas e resultados diferentes”. Sabedoria, enfim.
O resultado mostrou que o fato de alguém ter se portado sabiamente em algum dia específico não ajudava a prever sabedoria no dia seguinte. E que, sim, havia pessoas mais sábias do que outras. “Mas a flutuação era muito maior entre uma própria pessoa do que entre indivíduos diferentes”, disse Christian Jarret, psicólogo que analisou o estudo. Ou seja, a sabedoria é algo que aparece e que vai embora — e que pode surgir em todas as pessoas de vez em quando.
Ainda assim, havia um único indicador que ajudava a previr se alguém ia se comportar de maneira mais sábia, em média. E essa era, sim, a idade. Pessoas mais velhas tendiam a reagir com mais sabedoria. Ainda assim, o traço não aparecia o tempo todo. Há esperanças para a juventude.