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7 dicas para não sexualizar uma heroína em HQs

A objetificação do corpo feminino ainda é regra nos quadrinhos, mas uma artista está mostrando como fugir disso

Por Jessica Soares
Atualizado em 26 out 2020, 09h49 - Publicado em 4 ago 2016, 18h45
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  • Roupas justas “potencializadas” por poses impossíveis, decotes avantajados, bundas e peitos siliconados. Não é novidade que no mundo dos quadrinhos os corpos femininos são supersexualizados de forma pouco sutil.

    Na dúvida, é só dar uma passadinha na página The Hawkeye Project — Tumblr que transporta o Gavião Arqueiro para a constrangedora posição em que são colocadas as heroínas das HQs — para perceber que a desigualdade de gêneros é uma realidade nas páginas. A lógica deveria ser simples: se um personagem masculino ficaria ridículo em uma situação, não deveria ser apropriada também para as personagens femininas. Mas, como a objetificação ainda parece ser a regra do jogo, a quadrinista Renae De Liz resolveu mostrar que uma outra forma de representação é possível para as super-mulheres dos quadrinhos.

    A artista publicou em sua página no Facebook um desenho comparativo que analisa os traços clichês de personagens femininas que povoam as páginas e oferece alternativas para tratar as mulheres dos quadrinhos como, basicamente, pessoas.

    Como não sexualizar uma heroína?

    Além do desenho, a ilustradora compartilhou os sete pontos comparativos que ela julga importante considerar se você é um artista e deseja desobjetificar e empoderar personagens femininas, tratando-as como mais que acessórios visuais:

    Número 1

    Na esquerda, a heroína traz no rosto uma expressão comum nos quadrinhos: os olhos estão semicerrados, os lábios cheios. “É um visual que promove a sensualidade e diminui a personalidade”, afirma a artista. Já na direita, a personagem apresenta expressão facial mais distinta e os olhos indicam reflexão. “Personalidade e singularidade em primeiro lugar.”

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    Número 2

    Na esquerda, “a maneira como costuma-se ensinar a desenhar seios (completamente separados que escapam do decote). A intenção é aumentar o apelo sexual, pouco realista para uma heroína”. Na direita, com uma pegada mais realista, a artista leva em conta que, no dia a dia bem ativo de uma heroína, tops esportivos são uma escolha bem mais sensata. E dá a dica: nem todas as mulheres têm seios gigantes.

    Número 3

    Adeus bracinhos de modelo. “Se ela é forte, provavelmente vai ter um físico condizente. Dê a ela alguns músculos!”

    Número 4

    Os detalhes contam: enquanto na esquerda as mãos são desenhadas de forma que transmite suavidade (e que diminui seu poder), na direita o desenho mostra firmeza e força.

    Número 5

    Neste ponto, a quadrinista destaca a comum pose em que heroínas costumam aparecer nas páginas (e nos cartazes do cinema). Com o corpo arqueado e retorcido, mostram os seios e o traseiro. “Torções no corpo são uma ferramenta poderosa da arte, mas é melhor focar naquilo que pode ser feito realisticamente e use esses arcos sem a intenção de oferecer ‘dois por um’.”

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    Número 6

    Enquanto na esquerda a heroína parece estar posando, na direita ela se posiciona heroicamente. Pensar no que o desenho quer dizer (ao invés de focar em traçar linhas sexualmente atraentes) é uma boa dica.

    Número 7

    “Saltos são geralmente usados para destacar a postura e aumentar o apelo visual. Eu gosto deles, mas, se eu fosse uma heroína, usá-los não seria muito realista.”

    Segundo a artista — criadora da Womanthology, graphic novel antológica produzida apenas por quadrinistas mulheres —, o objetivo do trabalho é auxiliar outras pessoas que desejam promover mudanças através do seu trabalho. “Desenhar mulheres de forma sexy é uma resposta automática para muitos artistas. É feito sem reflexão. Foi como eu desenhei por muitos anos até que me dei conta. Se você escolher desenhar uma mulher sexy, tudo bem — discutir alternativas e reconhecer padrões não é uma ameaça para você. Essa é apenas a ponta do iceberg.”

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