Provavelmente vivemos a época mais ansiosa da história. O Brasil, em especial, é o país mais ansioso do mundo: o transtorno afeta 9,3% dos brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde. Não é à toa que nos identificamos tanto com a Ansiedade, emoção protagonista em Divertida Mente 2, novo filme da Pixar.
Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho já apareciam no primeiro filme. Na sequência cinematográfica surgem Ansiedade, Vergonha, Inveja e Ennui – além de uma participação breve da Nostalgia. Mas essas não foram as únicas emoções que os roteiristas cogitaram incluir no filme.
Em entrevista ao site americano ComicBook, a roteirista e produtora Meg LeFauve revelou que a Culpa (guilt, em inglês) e Humilhação (shame) quase entraram no filme como novas emoções da Riley.
“A Humilhação era mais autodepreciativa, aquela coisa que te ataca”, diz LeFauve. “Falamos com muitos especialistas sobre isso. A questão é que a humilhação não é uma coisa boa para você […] Já a Culpa é sobre assumir responsabilidade e é um comportamento, não quem você é”.
Além disso, esses dois personagens intensos corriam o risco de competir com o protagonismo da Ansiedade. “Nunca clicou direito. Para essa versão, queríamos centrar na Ansiedade, e aí a história começava a bifurcar muito”, conta a roteirista. “Mas eu acho que todos nós temos aquela crítica depreciativa na nossa cabeça. Exploramos um pouco isso com as projeções e mostrando como a Ansiedade pode fazer aquilo com você”.
Em coletiva à imprensa, o diretor Kelsey Mann revelou que ele havia planejado nove novas emoções para a mente da Riley. “Eu queria que a Alegria ficasse transtornada com todas aquelas emoções […] E aí você não dá conta. Tinham tantas emoções que elas se cancelavam porque você não conseguia acompanhar todas”.
Os roteiristas também consideraram Ciúmes, Suspeita, Admiração, e Schadenfreude (uma palavra em alemão que designa a alegria ou satisfação com o infortúnio alheio).
No final das contas, os produtores escolheram as emoções com base no momento de vida da Riley: o início da adolescência. A equipe trabalhou com Dacher Keltner, um professor da Universidade de Berkley que foi consultor de emoções no primeiro filme. Ele apresentou quais seriam as melhores opções para uma adolescente, que está passando por uma fase de muita autoconsciência.
Ironicamente, os roteiristas também queriam inaugurar a Ilha da Procrastinação – mas deixaram para depois. Seria um local inacabado, como se fosse um estacionamento vazio. “Era um lugar com uma placa gigante escrito ‘Ilha da Procrastinação’, e um ‘Em Breve’ embaixo. E a Raiva falaria ‘quando eles vão começar a construir esse lugar?! Ele só fica parado!’. É uma ideia engraçada”, diz o diretor.
Segundo as mentes por trás de Divertida Mente, não faltam ideias para um possível terceiro filme. “Não vou dizer muito sobre isso, mas há outras coisas bem engraçadas. Então eu pensei ‘Isso tem que ser usado de alguma forma no futuro’”, diz o diretor. Kelsey Mann, estamos prontos.