A foto mais famosa do mundo é, provavelmente, um fundo de tela.
Em 1996, o fotógrafo americano Charles O`Rear saltou de seu carro e registrou uma colina cheia de grama bem verdinha no Napa Valley, região de vinícolas da Califórnia. O clique, intitulado Bliss (“contentamento”, em português) acabou em um banco de imagens e, depois, tornou-se a tela inicial do Windows XP, sistema operacional da Microsoft lançado em 2001.
Você com certeza a conhece, mesmo que nunca tenha usado o XP:
![papel-parede-windows Imagem de fundo de tela do Windows.](https://gutenberg.super.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/12/papel-parede-windows.jpg?quality=90&strip=info&w=1024&crop=1)
Em 2015, 14 anos depois do lançamento do XP, a Microsoft estava prestes a lançar o Windows 10. E, para o fundo de tela, a empresa queria manter a tradição de imagens icônicas.
Ao mesmo tempo, queria também que a foto desse a dimensão das novidades do novo sistema operacional. O objetivo era desassociar o Windows de uma imagem quadradona, do mundo corporativo, e atrair designers e demais profissionais criativos (que costumam optar por computadores Apple).
A ideia, então, foi dar adeus a paisagens idílicas e pensar num design mais futurista. Para se chegar a esse resultado, a Microsoft contratou o artista Bradley G. Munkowitz, o GMUNK, que havia trabalhado nos efeitos holográficos dos filmes Tron: O Legado (2010) e Oblivion (2013).
Munkowitz e sua equipe construíram duas instalações num estúdio em São Francisco para a fotografia. Para a arte, usaram como ponto de partida o logotipo da Microsoft, atualizado em 2012. Com um papelão, eles recortaram quatro quadradinhos, que serviriam de molde para a peça de acrílico que seria fotografada.
A partir daí, eles posicionaram um projetor de luz em um dos cantos do estúdio. A ideia era fazer os raios atravessarem pela “janela” (em inglês, “window”) formada pelo acrílico e os quadradinhos foscos que formavam o logo da Microsoft. A luz, então, terminaria sua trajetória em um tecido posicionado do outro lado da sala, que também seria fotografado. Confira:
![0406-windows-10-super-site(2) Logo da Microsoft](https://gutenberg.super.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/06/0406-windows-10-super-site2.jpg?quality=90&strip=info&w=1024&crop=1)
Todo o cenário foi mapeado por um software 3D. Dessa forma, a equipe conseguia testar, na tela, ângulos de câmera antes de mexer em todo os equipamentos. Era precisa também se certificar que o logo da Microsoft (que possui uma distorção de perspectiva especifica) estivesse alinhado corretamente:
![0406-windows-10-super-site(3) Logo da Microsoft](https://gutenberg.super.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/06/0406-windows-10-super-site3.jpg?quality=90&strip=info&w=1024&crop=1)
GMUNZ também fez testes com lasers, cores diferentes, distorções de foco e fumaça. A foto final é uma mistura de dez exposições, que mesclam diversas técnicas.
Ao todo, mais de três mil cliques foram feitos. Os artistas também aproveitaram o set para fotografar várias opções com efeitos diferentes, para alimentar o banco de imagens do Windows (os usuários indecisos com o visual da tela agradecem).
Você pode conferir os bastidores do ensaio no vídeo abaixo: