O primeiro truque que levou David Blaine ao estrelato não teve nada de mágico. Desconhecido, o americano sempre encontrava um jeito de entrar de penetra em festas de clubes sofisticados em Manhattan, Nova York. Uma vez lá dentro, Blaine só precisava contar com a cara de pau de seu assistente, Adam Gibgot. Assim que avistava alguma celebridade, Gibgot se aproximava e começava a conversar como se fossem amigos de infância. Era nessa hora que ele aproveitava a deixa para apresentar o jovem mágico de 20 e poucos anos: David Blaine.
A tática e os truques deixaram tantos famosos boquiabertos que Blaine logo deixou de ser intruso. No começo da década de 1990, passou a se apresentar em festas privadas de estrelas de Hollywood. Robert de Niro, Christopher Walken e Natalie Portman se impressionaram com os números de Blaine. Tanto talento e influência alçaram o americano à própria fama: em 1997, Leonardo DiCaprio apresentou o primeiro especial de TV de David Blaine – o Street Magic.
Naquela época, David Copperfield e outros grandes mágicos apareciam nas telinhas e em teatros com números grandiosos. Copperfield fazia tigres e aviões desaparecerem, flutuava pela plateia. David Blaine era mais simples. Em qualquer canto de Nova York, Blaine fazia truques com cartas, moedas e levitação.
Não precisava das parafernálias que seus colegas usavam. Transformava truques simples em números extraordinários, com performance e técnica impecáveis, com um ar misterioso em cada apresentação – como se fosse mesmo capaz de fazer coisas quase sobrenaturais.
Mas nada aconteceu de uma hora para outra. A paixão de David Blaine pela mágica nasceu aos 4 anos, durante um show de mágica no metrô. Incentivado pela avó cigana, começou a fazer truques com cartas de tarô. Passava todo seu tempo livre atrás de livros sobre mágica. E nunca mais parou. Ainda hoje ele gasta cerca de oito horas por dia com treinamentos.
Com a fama precoce, aos 24 anos, Blaine cuidou de criar números novos para causar emoções diferentes na plateia – e não cair no esquecimento. Inspirou-se em um ídolo: o grande Houdini. Mas, em vez de escapar de situações impossíveis, preferiu desafiar os limites do corpo. No primeiro truque, para promover seu programa especial de TV, passou sete dias enterrado em um caixão de vidro. Acima dele havia três toneladas de água. Não se alimentou de nada além de líquido.
Deu tão certo que Blaine procurou desafios ainda maiores. Ficou mais de 17 minutos sem respirar, passou 60 horas pendurado de ponta-cabeça, foi eletrocutado por 73 horas, e ficou 35 horas de pé sobre uma coluna de 30 metros de altura e pouco mais de 50 cm de diâmetro. Não se trata só de resistência.
Blaine mistura doses de ilusionismo em cada número – quase sempre encontra um jeito de sair do confinamento sem que ninguém perceba, no meio de uma rua movimentada. “É como Houdini trabalhava: levando a mágica para as ruas. Qualquer um podia vê-lo pendurado no topo de um prédio, de graça. Estou continuando essa tradição.”
Congelado no tempo
Como é
O segredo