Quando tudo era mato: conheça os precursores do cinema brasileiro
O cinema nasceu em 1895, na França, e logo se espalhou para o mundo. Da primeira sessão à primeira animação, saiba quem foram os pioneiros por aqui.
A primeira sessão aconteceu em 1896, na Rua do Ouvidor, no Rio, numa sala alugada na redação do Jornal do Commercio. Em 1897, na mesma rua, foi aberto o Salão de Novidades Paris, 100% voltado a exibições. Um dos sócios era o ítalo-brasileiro Paschoal Segreto. No Brasil, o cinema mais antigo em funcionamento é o Olympia, inaugurado em 1912 em Belém. Fechado desde 2020 para restauro, deve reabrir antes da COP30.
Em 1898, Afonso Segreto, irmão de Paschoal, voltava de Paris quando decidiu gravar a Baía de Guanabara, no Rio. O registro é possivelmente o primeiro filme brasileiro. Mas, como não restaram cópias, alguns pesquisadores contestam: ao menos cinco obras podem ocupar esse posto. Devido à falta de registros, porém, não se sabe se elas foram feitas aqui ou se são curtas gringos cujos nomes foram abrasileirados.
Dirigido por Francisco Mazullo, Os Estranguladores (1908) é o nosso primeiro filme de ficção. Com 40 minutos de duração, é baseado em uma peça teatral que, por sua vez, inspirou-se em uma história real: o assalto a uma joalheria que terminou com a morte do sobrinho do dono da loja. O filme foi um sucesso. Exibido mais de 800 vezes ao longo de três meses, inspirou uma onda de produções true crime brazucas.
Em 1917, o cartunista Álvaro Marins, conhecido como Seth, lançou o curta Kaiser, a primeira animação brasileira. Era uma sátira ao imperador alemão (kaiser) Guilherme II. Meses depois da estreia, o Brasil entrou na Primeira Guerra Mundial contra a Alemanha. O único resquício do filme é um fotograma. Em 2013, o documentário Luz, Anima e Ação convidou oito artistas nacionais para recriar o desenho.
Natural de Amparo (SP), Jacyra Martins da Silveira é considerada a primeira diretora brasileira. Sob o pseudônimo de Cléo de Verberena, ela comandou o drama policial O Mistério do Dominó Preto (1931). O filme, mudo, deu prejuízo (longas falados já estavam se popularizando) e faliu a produtora de Jacyra, que abandonou as artes. Quase 100 anos depois, mulheres ocupam só 20% dos cargos de direção no Brasil.
