Texto: Bruno Vaiano | Ilustração: Thiago Corrêa Mellado | Design: Natalia Sayuri Lara
Crês centenas de espécies vegetais, uma centena de espécies animais, uma geleira, um cidadezinha na Argentina, um rio em Santa Catarina, três parques e 13 municípios americanos, um pico na Venezuela, uma corrente oceânica, um gêiser no Equador, uma baía na Colômbia, uma porção de minerais e uma planície na Lua. Ufa.
Essa é uma lista resumida de coisas que chamam “Humboldt” – a completa ocuparia umas seis páginas. Se virar nome de rua após a morte é sinal de fama, então o explorador alemão Alexander von Humboldt é a pessoa mais famosa do mundo. E ele foi quase isso mesmo: no século 19, de acordo com seus contemporâneos, só não era mais conhecido do que Napoleão.
Em 1869, cem anos após o nascimento de Humboldt – e dez após sua morte –, 80 mil pessoas se reuniram no centro de Berlim, sua cidade natal, para celebrá–lo. Isso dá 17% da população da cidade na época. Suas dezenas de livros (34 só sobre a viagem à América Latina) foram um fenômeno editorial digno de Harry Potter. Darwin embarcou no Beagle e viajou à América do Sul para seguir os passos de Humboldt: recitava de cor os relatos de viagem de seu herói.
O que leva à pergunta: quem foi esse cara? Por que, hoje, seu rosto não é icônico como o de Darwin? Humboldt saiu de cena um pouco graças ao sentimento antialemão que predominou durante as guerras mundiais, mas também por um motivo mais sutil: foi tão influente que suas ideias se tornaram senso comum. A Super conversou com Andrea Wulf, autora de A Invenção da Natureza – a biografia mais recente de Humboldt – para entender quem, afinal, foi o inventor.