Se, por um lado, o nazismo tinha uma face mística, por outro era radicalmente anticlerical. Mas o que isso significava na prática? “Heinrich Himmler almejava a destruição do cristianismo e a criação de uma nova religião germânica, baseada nas crenças dos antigos teutônicos”, diz o historiador Martin Ruehl. “Mas seu chefe, Adolf Hitler, se relacionava com o cristianismo de uma maneira muito mais pragmática. Para ele, as crenças religiosas eram irrelevantes, desde que não atrapalhassem a concretização de seus objetivos políticos”.
Exemplo desse pragmatismo foi a relação de Hitler com o cardeal Eugenio Pacelli, que mais tarde se tornaria o papa Pio 12. Um se sentia ameaçado pelo outro. Mas, apesar da desconfiança mútua, ambos viram vantagens em evitar o enfrentamento e acabaram assinando uma concordata em 1933. Pelo acordo, todos os alemães ficaram sujeitos às leis canônicas, o que garantiu a continuidade da ingerência do Vaticano sobre os assuntos religiosos na Alemanha.
Em contrapartida, o pacto pôs fim ao Partido do Centro Católico, única agremiação democrática que restava no país. Assim, Hitler tirou a Igreja da esfera política – um problema a menos para instaurar sua ditadura.