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Análise genética mostra que Vikings não se resumiam a escandinavos

Eles carregavam gene de nativos da Sibéria e de povos do Mediterrâneo, realizavam expedições em família e, até certo ponto, escolhiam aderir ou não ao estilo de vida saqueador.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 21 set 2020, 11h46 - Publicado em 17 set 2020, 18h03
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  • Sabe aquelas histórias da cultura pop sobre vikings escandinavos, loiros e com braços dignos de Chris Hemsworth? Talvez elas não sejam tão verossímeis assim. Pesquisadores da Universidade de Cambridge (EUA) e da Universidade de Copenhague (Dinamarca) realizaram o maior estudo genético já feito sobre esse grupo e mostraram que muito da estética de filmes e quadrinhos é, na verdade, fruto de mitos estéticos criados ao longo dos séculos. 

    Mas antes de falar sobre as descobertas, vale uma lembrança de quem eram (ou achávamos que eram) os vikings. O nome vem do termo escandinavo vikingr, que significa “pirata”, o que já nos remete a um grupo que saqueava outros povos Europa afora. Mas eles não eram simples invasores de terras: também comercializavam alguns produtos como gordura de foca, pele e presas de animais. Suas expedições ocorreram entre os anos 750 e 1050 depois de Cristo.

    Até então, pensava-se que os clãs vikings eram formados por homens de uma mesma vila ou região escolhidos para lutar por um superior. Isso é uma meia verdade. Analisando um cemitério viking, os pesquisadores encontraram ossadas de quatro irmãos e um outro parente que parecem ter morrido em Salme, na Estônia, durante uma invasão. A descoberta sugere que os guerreiros não eram tão selecionados assim: eram parentes ou amigos próximos que pegavam suas malinhas e saiam juntos para a jornada. 

    E sabe aquela história de que todos eram loiros? Furada. Apesar da maioria deles contar com essa cor de cabelo, os fios castanhos também estavam bem representados, bem como peles mais tingidas. Além disso, os vikings não eram exclusivamente escandinavos – e nem mesmo eram um povo caracterizado pela hereditariedade. Digamos que ser viking estava mais para um lifestyle que um rótulo de nascença, ainda que, evidentemente, muitos filhos seguissem os passos dois pais. 

    Os pesquisadores passaram quase uma década reunindo restos mortais de valas vikings de toda a Escandinávia e outras partes da Europa. Ao final sequenciaram 442 genomas, mostrando que também havia vikings da Ásia e no sul da Europa. Túmulos escavados nas ilhas Órcades, no Reino Unido, traziam ossos de vikings sem DNA escandinavo, enquanto alguns esqueletos encontrados na própria Escandinávia pertenciam a descendentes de irlandeses e escoceses. Outras amostras desenterradas da Noruega possuíam genes Sami, um grupo indígena mais próximo dos asiáticos e siberianos. 

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    Com os dados, também foi possível confirmar as rotas dos vikings no passado. Aqueles que viviam onde agora é a Suécia viajavam para os países bálticos, enquanto os da atual Dinamarca se direcionavam à Inglaterra. Os vikings da Noruega tinham como destino Escócia, Irlanda, Groenlândia e Islândia. Os pesquisadores explicam que estes três grupos não se misturavam geneticamente, mas não há certeza dos motivos. A inimizade entre eles é uma das hipóteses. 

    Os cientistas também coletaram amostras de 3855 pessoas que vivem na Europa atualmente, para ver se genes vikings ainda estavam presentes na população. Os resultados indicam que cerca de 6% da população Reino Unido e 10% dos suecos carregam este legado aventureiro. 

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