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Artefato cristão de 1.500 anos é encontrado na Áustria

Chamado de píxide ou cibório, o objeto era um recipiente utilizado para transportar e proteger as hóstias e era enfeitado com imagens de cenas bíblicas.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 13 jul 2024, 17h03 - Publicado em 12 jul 2024, 16h00
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  • Ainda não foi cálice sagrado do Santo Graal, mas cientistas europeus fizeram uma outra descoberta arqueológica importante ligada ao cristianismo: uma equipe encontrou fragmentos de um pequeno vaso feito de marfim, decorado com cenas bíblicas e que pode ter aproximadamente 1.500 anos.

    O artefato foi encontrado em uma igreja do século 5 ou 6, localizada no município de Irschen, no sul da Áustria, e que vem sendo estudada desde 2016, quando arqueólogos da Universidade de Innsbruck, na Áustria, começaram as escavações. Mas só alguns anos depois eles acharam o item até então escondido nas ruínas da igreja anciã.

    Sob o altar na área da capela lateral, os pesquisadores encontraram um santuário de mármore, com cerca de 20 por 30 centímetros de tamanho. Dentro dele, estava o artefato redondo de marfim com inscrições cristãs, conhecido como píxide, cibório ou pyx (não, não é a versão sagrada do método de pagamentos).

    Os píxides são pequenos recipientes da tradição cristã, conhecidos nas Igrejas Católica, Luterana e Anglicana, e utilizados para transportar e proteger a Eucaristia, as hóstias sagradas do cristianismo. O termo vem do grego pyxis (πυξίς) e significa caixa ou recipiente. 

    Quando uma igreja é abandonada, geralmente esse tipo de objeto é levado junto, dada a sua natureza sagrada. Mas, no caso do píxide da igreja austríaca, foi deixado para trás e se tornou o primeiro a ser encontrado em um contexto arqueológico no país.

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    “Conhecemos cerca de 40 caixas de marfim desse tipo em todo o mundo e, até onde eu sei, a última vez que uma dessas foi encontrada durante escavações foi há cerca de 100 anos“, explica, em comunicado, Gerald Grabherr, pesquisador da Universidade de Innsbruck e um dos líderes do estudo. “As poucas píxides que existem estão preservadas em tesouros de catedrais ou exibidas em museu”, diz.

    O artefato de marfim austríaco vem sendo mantido conservado na universidade desde a sua descoberta, já que é um objeto muito frágil. O marfim costuma absorver a umidade de seu entorno, explicam os pesquisadores. Com isso, ele fica mais macio e mais suscetível a qualquer tipo de dano.

    O píxide encontrado já estava quebrado em diversas partes, e os pesquisadores acreditam que ele já estava danificado na antiguidade, e por isso foi deixado para trás e enterrado no altar. Algumas partes estão deformadas a tal ponto que o artefato já não pode mais ser restaurado ao seu estado original, fazendo com que os pesquisadores tenham que trabalhar em uma reconstrução de um modelo em 3D.

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    As imagens nas inscrições gravadas no artefato representam várias cenas da bíblia, como um homem ao pé de uma montanha com um objeto embaixo do braço e com uma mão surgindo acima dele, representando a entrega das leis a Moisés no Monte Sinai, o início da aliança entre Deus e o homem narrado no antigo Testamento.

    Em outra parte é possível ver um homem em uma carruagem com dois cavalos, também com uma mão nas nuvens acima, possivelmente representando a Ascensão de Cristo com uma biga (uma carroça de duas rodas). Até então, imagens do tipo eram desconhecidas.

    “Assumimos que esta é uma representação da ascensão de Cristo, o cumprimento da aliança com Deus. A representação de cenas do Antigo Testamento e sua conexão com cenas do Novo Testamento é típica da antiguidade tardia e, portanto, se encaixa com nosso píxide”, conta Grabherr.

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