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O curioso caso dos sapos explosivos na Alemanha

Em 2005, mais de mil sapos foram encontrados com as entranhas de fora na Europa. A culpada pelo massacre é a ave mais inteligente de todas.

Por Maria Clara Rossini
24 ago 2024, 18h00

Na primavera de 2005, sapos da Alemanha e Dinamarca começaram a explodir. A espécie Bufo bufo (mais conhecido como sapo-comum) é o que você imagina quando pensa em um sapo genérico – que sempre aparece em filmes e desenhos, e é bastante comum na Europa.

O que não é comum é encontrar milhares deles com as entranhas de fora. Em abril de 2005, a agência de notícias Associated Press publicou que mais de mil sapos haviam sido encontrados mortos em uma lagoa na cidade de Hamburgo, na Alemanha, além de outros cadáveres próximos à província de ​​Låsby, na Dinamarca.

A cena era digna do filme Shrek: algumas pessoas que presenciaram o fenômeno diziam que os animais inchavam como balões antes de, literalmente, explodir. Antes disso, os sapos passavam alguns minutos agonizando e se contorcendo. Os moradores da região relatavam sons de estouro durante a noite – e logo o corpo d’água na Alemanha ficou conhecido como “Lagoa da morte”.

As hipóteses

A menos que a princesa Fiona tivesse passado por lá, os sapos não explodiriam do nada. As autoridades alemãs recomendaram que a população se afastasse da lagoa enquanto a questão não estivesse resolvida.

A hipótese inicial era de que os sapos estariam infectados com alguma bactéria, vírus ou fungo – afinal, existem infecções que resultam em comportamentos ou efeitos estranhíssimos no organismo. Analisando os sapos, os pesquisadores não encontraram nenhum patógeno incomum. 

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O Instituto de Higiene e Ambiente de Hamburgo também testou a água da lagoa, mas a qualidade era igual à do resto da cidade. Segundo a Associated Press, outra teoria ainda dizia que os sapos estariam cometendo suicídio coletivo para conter a superpopulação.

O mistério perdurou por alguns dias – até que o veterinário alemão Frank Mutschmann, especialista em anfíbios, solucionou o caso.

Em busca de foie gras

O primeiro passo de Mutschmann foi identificar algo que estava em todos os sapos mortos: um buraquinho circular nas costas dos anfíbios, do tamanho de um bico de pássaro. Outro detalhe crucial: os sapos explosivos estavam sem fígados.

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Analisando os sapos, o pesquisador chegou à resposta. Os buracos eram feitos por corvos (uma das aves mais inteligentes conhecidas) que se alimentavam do fígado dos sapos. A pele do Bufo bufo é venenosa, então as incisões feitas com os bicos permitiam que os corvos se alimentassem apenas do fígado do anfíbio.

Em um documentário sobre o caso, Mutschmann explica como chegou à conclusão. “Não havia mordidas ou arranhões, então sabíamos que os sapos não estavam sendo atacados por guaxinins ou ratos, que teriam comido o animal inteiro”. 

A primavera é época de reprodução dos sapos, então os ataques provavelmente rolavam enquanto os animais estavam ocupados procriando. 

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“Quando o fígado desaparece, o sapo percebe que está sendo atacado. Ele infla como um mecanismo natural de defesa. Mas como ele não tem diafragma ou costelas, sem o fígado não há nada para segurar o resto dos órgãos dentro do corpo”, conta Mutschmann no documentário. “Os pulmões esticam e rasgam; o resto dos órgãos simplesmente é expelido”.

O caso é mais uma demonstração da capacidade cognitiva dos corvos. Não se sabe como eles aprenderam a perfurar os sapos – mas há evidências de que esses animais têm boa memória, transmitem conhecimento e são bastante inventivos (leia mais neste texto).

Após a repercussão do caso alemão/dinamarquês, descobriu-se que outros episódios semelhantes já haviam ocorrido anteriormente na Europa e nos Estados Unidos.

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