Os piores elixires da juventude da história
Testículos de bode contra impotência, cocô de passarinho para alisar a pele... veja os casos mais bizarros da busca pela juventude.
Não é de hoje que nós, humanos, somos obcecados pela juventude eterna. Duzentos anos antes de Cristo, o primeiro imperador da China, Qin Shi Huang, morreu ao ingerir pílulas de mercúrio que prometiam driblar a morte. Esse desejo serviu de combustível para todo tipo de charlatanismo ao longo da história. Veja a seguir.
Trocando as bolas
O maior fantasma do envelhecimento para os homens nunca foi a barriga ou os cabelos brancos, nem mesmo a falta de cabelos. O buraco masculino sempre foi, vamos dizer, mais embaixo: a impotência, um inimigo que, antes do milagre doViagra, se tornava cada vez mais imbatível com o passar dos anos. Por isso mesmo, a condição sempre foi um prato cheio para charlatães. Principalmente para os mais arrojados. O americano John Brinkley, um cirurgião amador dos anos 1920, implantava testículos de bode na bolsa escrotal de seus pacientes. Não era um transplante: ele só abria a pele e inseria uma bola de bode ali, prometendo que a gônada caprina ajudaria a levantar o membro sonolento do paciente. O impressionante mesmo aí é que há poucos registros de morte por infecção. E Brinkley não estava sozinho. Na mesma época, o russo Serge Voronoff realizou 40 operações de implantes de testículos. A diferença é que ele usava macacos como doadores involuntários.
O vigoroso sêmen de porquinho-da-índia
No século 19, Charles Edouard Brown-Séquard era considerado o membro mais pitoresco de uma universidade na Virgínia, EUA. Ele já tinha engolido uma esponja na esperança de coletar amostras de seu suco gástrico. Anos mais tarde, quando morava em Paris e era um respeitado cientista, o já septuagenário Brown-Séquard começou a se incomodar com os efeitos da idade. Vivia cansado, dormia mal, queixava-se de constipação. Decidiu então tomar uma atitude “científica”: injetou nele mesmo um líquido que misturava sêmen, sangue e outros extratos aquosos de testículos de filhotes de cachorros e porcos-da-índia. A alternativa era lógica para o professor: havia algo nos animais, especialmente em seus genitais, responsável por seu vigor.
Depois de três semanas de “tratamento”, ele registrou ser capaz de ficar horas em pé trabalhando sem se cansar, voltara a erguer pesos e até seu jato de urina havia ganhado força e “viajava” 25% mais longe do que antes. Depois de outros cientistas testarem e aprovarem os efeitos rejuvenescedores do Elixir da Vida, Séquard virou herói e até tema de canção popular. Mas morreu cinco anos depois de lançar o elixir, que, no fim, acabou considerado nada mais do que um placebo.
Sua libido de volta
Nas décadas de 1920 e 1930, homens de toda a Europa procuravam Eugen Steinach em busca de rejuvenescimento físico e mental. Um dos pesquisadores pioneiros da endocrinologia, Steinach operava homens de meia-idade interrompendo a produção de esperma nos testículos, o que hoje conhecemos por vasectomia. Ele acreditava que isso estimularia a proliferação de outras células secretoras de testosterona, devolvendo o vigor e desejo sexual aos pacientes. Nas mulheres, a irradiação dos ovários era considerada o equivalente. O poeta William Butler Yeats submeteu-se à cirurgia aos 69 anos e disse que não só ganhou potência sexual como sua criatividade aumentou. O velho efeito placebo coincidiu com o seu casamento com uma garota de 27 anos.
Sangue novo para o papa
No final da vida do papa Inocêncio VIII, sua saúde já estava bastante debilitada. Reza a lenda que um médico judeu prometeu devolver-lhe um pouco de vitalidade se ele tivesse acesso a sangue de alguém jovem. O sangue teria sido retirado de três meninos de 10 anos, mas não há registros de que houve mesmo a transfusão. De toda forma, não deu nada certo, e ele morreu em poucos dias, em 25 de julho de 1492.
Pele sempre jovem
Um ancestral dos cremes rejuvenescedores tem origem inusitada: cocô de passarinho. Há séculos, as gueixas japonesas já usavam fezes de rouxinol para obter uma pele macia. O nitrogênio presente no cocô seria capaz de fazer uma espécie de raspagem para remover as bactérias e células mortas da pele. Hoje, celebridades como Tom Cruise e Victoria Beckham já testaram a técnica (que não tem base científica). Antes de ir ao rosto, o cocô é esterilizado (ufa) e adicionado a uma mistura de farelo de água e arroz – arroz japonês, para manter a tradição.
Fontes: Os Curiosos Xenoimplantes Glandulares do Doutor Voronoff, de Ethel Mizrahy Cuperschmid e Tarcisio de Campos; Spring Chicken – Stay Young Forever (Or Die Trying), de Bill Gifford, 2015.