Ah, férias… nada como viajar, acampar, entrar em contato com a natureza. E, nos intervalos disso tudo, jogar conversa fora com os amigos: debatendo questões como a separação entre Igreja e Estado, os males do criacionismo e as inverossímeis histórias da Bíblia. Seja bem-vindo ao Camp Quest, um acampamento inglês onde Deus e a religião não têm vez: tudo é feito para que os participantes, crianças e adolescentes de até 17 anos, desenvolvam uma visão ateísta do mundo. O Camp Quest criou polêmica (líderes religiosos acusaram o acampamento de fazer lavagem cerebral), mas a procura também foi grande: já existe lista de espera para 2010.
O evento, que é a versão britânica de um acampamento inventado nos EUA, ganhou o apoio do mais célebre – e radical – pensador ateu da atualidade: o biólogo inglês Richard Dawkins, que já havia ajudado a levantar fundos para uma campanha publicitária questionando a existência de Deus (foi notícia na SUPER de março). O cientista recolheu doações para ajudar a financiar o acampamento ateu, que por causa disso ficou bem mais barato. A estada de 5 dias sai por R$ 850 – a metade do que cobram os acampamentos ingleses tradicionais. “O Camp Quest incentiva os jovens a pensar por si próprios, cética e racionalmente. Não há doutrinação. Só um incentivo a manterem a mente aberta enquanto se divertem”, afirmou Dawkins ao jornal inglês Sunday Times.
Além das atividades de lazer, como escalada, tirolesa, natação e canoagem, os participantes recebem lições de método científico e pensamento crítico, que depois utilizam numa gincana chamada “desafio do unicórnio”. Os jovens são informados de que no acampamento vivem dois unicórnios, que não deixam rastros nem podem ser vistos, ouvidos, tocados ou cheirados. Vence o desafio quem conseguir provar que os tais bichos não existem – é um exercício inspirado na dificuldade que a ciência têm de provar que uma coisa não existe (segundo os ateus, Deus). O prêmio é uma raríssima nota de 10 libras, que traz a efígie de Charles Darwin e foi autografada por Dawkins. Mas os jovens ateus precisarão quebrar a cabeça – até hoje, mesmo após 23 edições do Camp Quest nos EUA, ninguém conseguiu levar o prêmio para casa.