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No reino das águas claras

Neste jardim, os peixes parecem voar. São as nascentes cristalinas de Bonito, onde os rios são quase tão transparentes quanto o ar.

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Atualizado em 31 out 2016, 19h00 - Publicado em 31 Maio 1998, 22h00
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  • Igor Fuser

    Paraíso dos ecologistas e dos mergulhadores

    O fotógrafo subaquático Luciano Candisani, de 27 anos, já mergulhou no mundo inteiro, das águas geladas do Pólo Sul aos deslumbrantes recifes de coral do Mar Vermelho. Mas nunca viu nada parecido com as nascentes cristalinas de Bonito, uma tímida cidade do Mato Grosso do Sul que nos últimos anos tem atraído multidões de turistas. “Lá, a água é tão transparente que quase não se percebe que ela existe”, maravilha-se Candisani, o autor das fotos desta reportagem. “Em cada mergulho, eu me sentia flutuando em um jardim submerso, cercado por peixes e crustáceos.”

    Além dos rios limpíssimos, Bonito tem cachoeiras, cavernas submersas e a deslumbrante Gruta do Lago Azul, situada 50 metros abaixo do nível do chão. A luz do sol, ao bater nas pedras brancas do fundo do lago, deixa a água da cor do céu. Quem vê acha que ela é mesmo azul. Na verdade é incolor, de uma pureza rara.

    Paisagem submersa

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    A nascente do Rio Sucuri, alimentada pela água que brota do subsolo, é o hábitat de muitos peixes, como estes que passeiam em frente ao nosso fotógrafo

    Azul da cor do céu

    Na Gruta do Lago Azul, 50 metros abaixo do chão, os raios do sol se refletem nas pedras brancas, dando a impressão de que a água é colorida

    Bonito até no nome

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    O município, dotado de uma estrutura turística em expansão, fica a 257 km de Campo Grande.

    Um aquário natural

    O piraputanga, peixe mais comum na região, passeia em grandes cardumes na nascente do Rio Baía Bonita. Aqui, a pesca é proibida

    Paisagem guarda marcas de um oceano extinto

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    A transparência dos rios em Bonito se explica pelo solo, à base de calcário, da Serra da Bodoquena. Há 550 milhões de anos, a região fazia parte do leito de um oceano, que se secou. Sobraram as rochas. Nos rios, o calcário vira uma areia grossa e pesada, que fica totalmente depositada no fundo, sem produzir lama.

    O solo rochoso favoreceu a formação de cavernas, subterrâneas e de superfície, que começam a ser exploradas por pesquisadores em busca de fósseis. Em 1992, espeleomergulhadores encontraram na Gruta do Lago Azul dois gigantescos animais pré-históricos: uma preguiça de 4 metros de altura e um tigre de dente de sabre. Os esqueletos, ambos com idade estimada entre 10 000 e 12 000 anos, estão até hoje no fundo do lago. Os cientistas temem que eles se desmachem se forem retirados de lá.

    Para ir até lá

    Informações podem ser obtidas nas agências de turismo ou na Secretaria de Turismo de Bonito, fone (067) 255-1850

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    Geologia da transparência

    Há três explicações para a existência de águas tão límpidas.

    1. Um filtro de areia

    O pó de calcário, grosso e pesado, deposita-se totalmente no fundo da água, que dessa forma se mantém livre de impurezas.

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    2. Proteção florestal

    A vegetação abundante dificulta a erosão, responsável pelos sedimentos que sujam os rios.

    3. Berço esplêndido

    A ausência de correnteza nas nascentes mantém imóveis os fundos dos rios, sem levantar poeira.

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