Para começo de conversa, eles se dividem em dois grupos principais: o das anestesias gerais, que tiram a sensibilidade do corpo inteiro, e o das chamadas loco-regionais, que só têm efeito no local onde são aplicadas. “Ambos têm a função de impedir, durante um certo tempo, a transmissão de impulsos nervosos, sejam de dor ou de movimento. Mas, no caso da anestesia geral, o paciente também fica inconsciente”, diz o anestesiologista David Ferez, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo. O que nem todo mundo sabe é que profissionais como ele também são responsáveis pelo bom funcionamento do organismo do paciente durante a cirurgia. “Muita gente pensa que, depois de anestesiar a pessoa, nós saímos de cena.
Na verdade, é o anestesista quem mantém vigilância sobre a respiração, os batimentos cardíacos, a temperatura, a hidratação e a pressão arterial, entre outras funções vitais, tornando-se indispensável na sala cirúrgica. Além disso, ele tem que estar pronto para aplicar novas doses da anestesia se a cirurgia precisar ser prolongada além do previsto”, afirma Ricardo Vieira, anestesiologista do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. A anestesia geral é inalada pelo paciente ou injetada diretamente na corrente sangüínea. Quando ela chega ao córtex (região do cérebro responsável pela sensibilidade e pelos movimentos do corpo), bloqueia temporariamente seu funcionamento. As anestesias locais, por sua vez, se dividem em três tipos: bloqueios tronculares (injetados perto dos nervos que recebem impulsos de dor naquela região específica), raquianestesia e peridural (injetadas na região lombar, onde se concentram os nervos responsáveis pelo movimento e pela sensibilidade dos membros inferiores.
A anestesia geral deixa o paciente imóvel e sem nenhuma sensibilidade
1. Existem dois tipos de anestesia geral – inalatória e intravenosa -, com uma diferença básica: a forma de aplicação. Ambos usam um coquetel de substâncias hipnóticas (que fazem o paciente dormir), analgésicas (que bloqueiam a dor) e relaxantes musculares. Com a máscara de inalação, elas são absorvidas pelos pulmões e vão diretamente ao sangue
2. A corrente sangüínea leva a anestesia para o córtex (região do cérebro responsável pelos cinco sentidos e pelos movimentos físicos), bloqueando suas funções. No caso da anestesia geral intravenosa (injetada diretamente no sangue), o efeito é mais rápido
Existem três tipos de anestesia local, dois deles para a metade inferior do corpo
1. Bloqueio Troncular
A anestesia é aplicada perto dos nervos (mas jamais diretamente neles) ou junto dos chamados plexos: redes formadas pelas ramificações nervosas. Se ela for injetada, por exemplo, no plexo braquial (rede nervosa dos braços), todos os nervos menores que saem desse plexo também são imobilizados – desde o ombro até a ponta dos dedos
2. Raquianestesia
Também conhecida como “raqui”, recorre-se a ela quando é preciso anestesiar o corpo da cintura para baixo. Sua vantagem é necessitar de menos medicamento, já que a aplicação é feita diretamente no líquor (o líquido no interior da medula, que banha todo o sistema nervoso). Mas, por ser injetada em local tão delicado, ela só pode ser aplicada uma única vez por cirurgia. Por isso, os médicos têm de completar seu trabalho em quatro horas, o tempo de duração do efeito anestésico
3. Peridural
O terceiro tipo de anestesia local também é usado para cirurgias abaixo da cintura, mas a agulha pára um pouco antes da raqui (acima) – sem atingir o líquor, ficando na periferia da medula (daí seu nome). A anestesia é absorvida aos poucos pela membrana que protege o sistema nervoso central: a duramáter. Ao contrário da raqui, possibilita a colocação de um catéter, por onde mais anestesia pode ser aplicada