ILUSTRAS Thales Molina
Quando não causa a morte, ele danifica o DNA, elevando as chances de câncer. Versões mais fracas do gás foram sintetizadas por diversos químicos no século 19, mas só em 1913 o inglês Hans Thacher Clarke criou a versão mais concentrada e descobriu todo o seu potencial tóxico: um frasco do gás quebrou e ele precisou ser hospitalizado. Um de seus colaboradores, alemão, reportou o caso à Sociedade Química de seu país, que usou a substância em combate pela primeira vez, em julho de 1917, na 1ª Guerra Mundial. É um líquido incolor e viscoso, mas, tratado para ser uma arma química, fica gasoso, amarelado e ganha odor similar ao da planta chamada mostarda. Mas pelo menos ele tem uma utilidade positiva: desde 1919, o gás mostarda é usado para suprimir formações celulares cancerígenas no sangue, contribuindo no combate à leucemia e linfomas até hoje.
DOSE MORTAL
A ingestão do gás irrita mucosas e membranas, causando ardência, grandes bolhas e queimaduras internas. Se a quantidade de gás for grande, afeta todo o sistema digestivo. Os sintomas aparecem após 24 horas. Por se misturar com gordura, o agente é facilmente absorvido pelo organismo, e ainda é capaz de atravessar roupas.
HASTA LA VISTA
Em contato com os olhos, o mostarda causa uma conjuntivite. Em 24 horas, as pálpebras incham e a vítima tem cegueira. A pupila pode ficar bem pequenina, de modo permanente. Com tratamento em menos de 12 horas, a contaminação ocular não mata, mas deixa sequelas, como cegueira e outros danos que podem forçar a remoção dos olhos.
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ÚLTIMA TRAGADA
Inalado, o gás mostarda causa sangramento e bolhas no sistema respiratório. As vítimas geralmente morrem de edema pulmonar – excesso de líquido no pulmão. Mesmo em altas concentrações, o gás não é percebido pela vítima por várias horas. No caso da contaminação pelo pulmão, essa “discrição” é fatal.
DANO CONTÍNUO
Se a exposição for só na pele, o gás é fatal quando afeta mais de 50% do corpo da vítima. A morte é lenta, extremamente dolorida e pode levar semanas. Se a pessoa sobreviver, o tratamento é longo e debilitante. Mesmo assim, as chances de ter câncer de pele no futuro aumentam exponencialmente
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Não confunda com o agente laranja
Esse herbicida, também de cor alaranjada, teria matado mais de 400 mil na Guerra do Vietnã
O agente laranja foi usado como herbicida entre 1961 e 1971 na Guerra do Vietnã. A justificativa era a necessidade dos EUA de eliminar zonas de mata e plantações, áreas que favoreciam a resistência vietcongue. O problema é que ele é cancerígeno e causa mutações genéticas. Por causa disso, mais de meio milhão de crianças nasceram com deformações após o conflito. Ele teria matado outras 400 mil, mas os EUA contestam o número.
FONTES Center for Disease Control and Prevention (CDC), Federal Bureau of Investigation (FBI) e BBC News