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Como era o laboratório de um alquimista medieval?

Eles buscavam uma maneira de fabricar ouro e a receita para a vida eterna

Por Luiz Fujita
Atualizado em 22 fev 2024, 11h34 - Publicado em 1 set 2009, 15h56
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  • William_Fettes_Douglas_-_The_Alchemist

    Era escuro e bagunçado, ou seja, nada parecido com um laboratório de química atual. No meio dessa zona, os alquimistas eram pessoas comuns que manipulavam ingredientes minerais e vegetais a fim de produzir ouro a partir de outros metais. Essa busca pelo nobre metal tinha uma motivação mais espiritual do que materialista, já que, para eles, transformar metais comuns em ouro seria um jeito de libertar a essência divina que existe em todas as coisas. O nobre ideal, porém, não convenceu a Igreja Católica, que, no século 14, proibiu a alquimia – nessa época, os alquimistas eram perseguidos como servos do demônio – e a prática só voltou a ser socialmente aceita no século 15.

    Ouro que é bom, nada…

    Banho-maria, porcelana e uma série de compostos químicos surgiram nos porões dos alquimistas

    VOVÔ DA MARVADA

    O destilador, criado pelos alquimistas por volta do ano 800, é usado até hoje em laboratórios químicos. O instrumento separa líquidos misturados e funciona assim: a mistura é fervida e o líquido que evapora mais cedo sobe até o topo do destilador, onde vira gotas que escorrem para outro recipiente

    BRINCANDO COM FOGO

    O fogo era usado na maioria dos experimentos, para queimar materiais e para ferver líquidos. Por isso, era comum instalar o laboratório na cozinha. Para tocar as experiências em outros cômodos da casa, usava-se um fogareiro, parecido com uma churrasqueira portátil, e um soprador, que mantinha o fogo aceso

    QUÍMICA DO AVESSO

    Os alquimistas foram mais eficientes para destruir do que para criar ouro. É que eles descobriram uma substância chamada água-régia, que corrói o precioso metal amarelo

    Vitriol (cristal de sulfato) + Nitrato de potássio (cinzas de madeira + xixi) + Água-forte (ácido nítrico) + Cloreto de amônia (sal de vulcão) + Água-régia (ácidos nítrico e clorídrico)

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    BALANÇA, MAS NÃO CAI

    Outros recipientes usados na química atual têm origem na alquimia, como os cadinhos – potes de metal ou porcelana, de alta resistência, usados para fundir metais. Os alquimistas também mediam as quantidades de ingredientes com balanças para poder repetir os experimentos que dessem certo

    MAGOS DO PORÃO

    O ambiente de trabalho dos ancestrais dos químicos era sujo e escuro. Para manter segredo sobre suas atividades e descobertas, o alquimista realizava experimentos sozinho, enfurnado em um sótão ou em um porão, à luz de velas. O cheiro era forte por causa da mistureba de materiais

    PROJETOS PARALELOS

    Transformar metais comuns em ouro era fichinha para aqueles que também tentavam descobrir um elixir que curasse tudo e desse a vida eterna. Outro desafio era misturar ingredientes para fazer surgir uma criatura surreal: o homúnculo – havia até receita de como criar o pequeno ser!

    RECEITA DE SUCESSO

    Rodeados por livros e pergaminhos, os alquimistas registravam os experimentos e descobertas a fim de compartilhar com os colegas. Para evitar que roubassem fórmulas e instruções, os caras faziam anotações cifradas – com gravuras no lugar das palavras, por exemplo

    • A alquimista Maria, a Judia, esquentava recipientes com água fervente, dando origem ao termo “banho-maria”

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    • Explosões eram comuns e, às vezes, tão violentas que matavam o alquimista

    • A porcelana foi trazida para o Ocidente pelo alquimista alemão Johann Böttger, no século 18

    • Uma das receitas de homúnculo leva sêmen humano magnetizado, enterrado em cocô de cavalo!

    Tribos elementares

    O sonho dourado de alquimistas europeus e árabes nunca virou realidade. Chineses buscaram, em vão, a receita da vida eterna

    EUROPEUS

    Não fabricaram ouro, mas revelaram alguns tesouros. O inglês Roger Bacon criou uma lente que concentrava raios do Sol e acendia velas. O suíço Paracelso foi um dos primeiros médicos a tratar a epilepsia como doença

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    ÁRABES

    Fizeram grandes descobertas químicas. Abu Musa Jabir Hayyan, por exemplo, descobriu o ácido nítrico. Até algumas palavras usadas na química, como álcool, foram introduzidas pelos alquimistas árabes

    ASIÁTICOS

    Os chineses perseguiam a imortalidade por meio de boa alimentação, prática de exercícios físicos e poções. Algumas receitas, porém, levavam direto para a cova, contendo arsênico e mercúrio na fórmula

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