ILUSTRA Ícaro Yuji
Para honrar os antepassados, a virada do ano na tribo africana dos daometanos terminava com o chão encharcado de sangue
O reino de Daomé ocupava o espaço da atual nação de Benin, entre os séculos 17 e 19. Lá, a passagem do ano era recebida com uma enorme festa que durava vários dias, cheia de comida, bebida… e muito sangue. A celebração, conhecida como Xwetanu, tinha como objetivo relembrar batalhas importantes e manter viva a memória dos antepassados.
Quem comandava tudo era o rei, que exercia as funções de chefe político, militar e religioso – um verdadeiro deus na Terra. Em dado momento, ele escolhia as vítimas que seriam sacrificadas. Geralmente, eram prisioneiros de guerra, mas o ritual trazia à tona disputas entre líderes tribais.
Os selecionados eram forçados a ajoelhar e tinham a garganta cortada, de forma a jorrar a maior quantidade possível de sangue sobre o solo. Depois, eram decapitados e os corpos, empilhados. A festa seguia, com os cadáveres se acumulando diante da tenda do rei, que aproveitava para ouvir, calmamente, as demandas dos líderes de cada tribo.
ESTA REPORTAGEM FAZ PARTE DA MATÉRIA DE CAPA SACRIFÍCIOS HUMANO. CONFIRA AS OUTRAS:
– Como era um ritual asteca de sacrifício humano?
– Como eram os rituais de sacrifício humano realizados pelos celtas?
– Como era o ritual de um funeral viking?
– Como era um ritual de sacrifício humano cartaginense?
– Como era o ritual de sacrifício humano dos thugs, na Índia?
– Como eram os rituais de sacrifício humano dos celtas?
CONSULTORIAWalter Burkert, professor de antiguidade clássica da Universidade de Zurique, Patricia Smith, antropóloga da Hebrew University, Miranda Aldhouse-Green, arqueóloga e professora da Universidade Cardiff, Jonathan Tubb, arqueólogo do British Museum, Jan Bremmer, professor de ciência da religião da Universidade de Groningen
FONTESLivrosCity of Sacrifice, de David Carrasco,Dying for the Gods, de Miranda Green Sutton,The Highest Altar, de Patrick Tierney, eJapanese Death Poems, de Yoel Hoffmann, e filmeO Homem de Palha, de Robin Hardy