Nessa época, as festas eram longas e regadas a muita música eletrônica.A busca por uma experiência mais intensa e diferente (e longe das autoridades) consagrou um formato novo – o das raves. Eram festas de até 14 horas, geralmente ao ar livre, que propunham uma fuga da realidade à base de muito som, dança e uso de drogas sintéticas.
O termo “rave” já existia na Inglaterra desde a década de 50, mas foi revitalizado no fim do milênio com a ascensão da cultura eletrônica e a transformação dos DJs em verdadeiros superstars.
Hippies do novo milênio
Enquanto os anos 80 celebravam a individualidade (já ouviu o hit Dancing with Myself, do Billy Idol?), as raves tinham um quê meio hippie. Tudo era coletivo, num clima de paz, amor, liberdade e comunhão com a natureza. O uso de drogas sintéticas e a batida dos gêneros eletrônicos techno e trance (“transe”, em inglês) deixavam o público numa vibe hipnótica.
Toca aqui!
Ainda rolavam maconha e LSD. Mas a droga do momento era o ecstasy, também chamado de “bala” e “e”. Seu principal componente, o MDMA, causa euforia e bem-estar. Também aguça sentidos como o tato – por isso tantos se abraçavam ou ficavam passando a mão um no outro. Mas não pense que era pura pegação. O clima era mais sensual do que sexual.
Coquetel de H2O
A bebida mais consumida era… água! Não só porque as festas eram verdadeiras maratonas, mas também porque o ecstasy aumentava a temperatura do corpo (e aconselhava-se não misturá-lo com álcool, pois alteraria seus efeitos). Além disso, a infraestrutura itinerante das raves não permitia drinques de preparação complexa
Quem sabe faz ao vivo
Além de chamariz para o público, o DJ era encarado como um xamã, responsável por conduzir o ritual da dança. E agora ele não apenas selecionava o que iria bombar como também mixava músicas ao vivo. A habilidade de manipular sons de outros artistas para criar algo novo se tornava essencial para um bom profissional. Há até torneios para escolher os melhores!
Uma verdadeira viagem
Havia muitas raves em praias e sítios. nos arredores de grandes cidades. Algumas tinham até ônibus fretados para trazer a galera. Em caso de chuva, tendas abrigavam pista de dança, bares e áreas de descanso. A decoração era completada com canhões de laser e telões, que exibiam imagens do espaço sideral, ícones da mitologia hindu, padrões psicodélicos…
Brincar sem brigar
O clima lúdico estava em todo lugar. Foi nessa época, por exemplo, que fazer malabares se tornou algo descolado. Havia ainda quem encarasse tudo como uma grande brincadeira infantil, levando chupeta, apito e bichos de pelúcia. Brigas e confusões eram raras – os seguranças eram orientados a ser tolerantes e só interviam em casos de excessos
À vontade
Conforto era prioridade para encarar as festas intermináveis: camiseta, bermuda, tênis, óculos de sol, canga para deitar no chão, roupa de banho para entrar no mar… Outros preferiam looks mais produzidos. Era a tribo “clubber”, que começava a se destacar especialmente nas baladas das grandes cidades, com roupas vibrantes e customizadas, estilos sobrepostos, muitos acessórios etc.
CURIOSIDADES
- A década viu bombar dois novos tipos de bebidas prontas: os energéticos e as “ice”;
- Nos centros urbanos, o desejo por longas jornadas fez surgir os afterhours, uma “balada pós-balada” que vai até o meio-dia;
- Na pista, todo mundo queria saber de dançar. Só nas áreas de descanso a galera realmente interagia e fazia amizades.
TOP 5 DAS PISTAS
- One Night in Hackney, D.A.V.E the Drummer & Chris Liberator
- Cafe del Mar, Energy 52
- The Prophet, CJ Bolland
- Neurodancer, Wippenberg
- Hey Boy Hey Girl, Chemical Brothers
FONTES: Livros Todo DJ Já Sambou, de Claudia Assef, Culturas da Rebeldia: A Juventude em Questão, de Paulo Sérgio do Carmo, e Raves: Encontros e Disputas, de Carolina Camargo de Abreu.
CONSULTORIA: Camilo Rocha, jornalista e DJ.
BALADAS
Década: 60 | 70 | 80 | 90 | 2000