As técnicas para invocar os mortos envolviam comida podre e até canibalismo.Necromancia vem das palavras gregas nekrós (“cadáver”) e manteía (“profecia”). Os gregos, de fato, ficaram famosos por usar os oráculos para trazer de volta quem já havia partido. O espírito invocado não volta à vida para sempre: ele só aparece temporariamente para responder a algumas perguntas, e dificilmente retorna uma segunda vez.
Existem diferentes maneiras de fazer esse contato – algumas incluem comer parte do cadáver. A conversa com os mortos nem sempre ajudava muito: eles não ficam mais sábios só porque partiram para outro mundo espiritual. Mesmo assim, as sacerdotisas (geralmente mulheres) eram procuradas por pessoas dispostas a matar a saudade, pedir informações ou usar espíritos como armas letais.
SEXTO SENTIDO
Veja o passo a passo do ritual realizado pelos gregos para entrar em contato com os mortos
Só para os fortes
Todo ritual tem o objetivo de criar uma armadilha para os espíritos – em geral, eles não estão interessados em visitar o nosso plano de existência. Para se preparar, a sacerdotisa passa dias sem sexo, sem comer carne e sem ingerir álcool. Ela vive à base de comida estragada e usa roupas do falecido. Para ter contato com a morte, a sacerdotisa cozinha pedaços do cadáver e toma o caldo da panela. Usando magia negra, a sacerdotisa também pode substituir o próprio olho pelo olho do morto para enxergar tudo o que ele vê
Papo reto
Quando o espírito se aproxima, a sacerdotisa entra em transe. Ela pode falar com a voz do morto ou repassar as perguntas dos clientes ao falecido e ouvir as respostas em sua cabeça. O contato dura apenas alguns minutos, por isso é importante que a conversa seja objetiva
Tentativa e erro
Durante o ritual, a sacerdotisa e os convidados devem ficar dentro de um círculo traçado no chão e não devem sair nem para ir ao banheiro. O tempo-limite é o amanhecer. Se nada acontecer até lá, a linha é desfeita e o grupo pode se encontrar na noite seguinte e recomeçar
Vá para a luz
Acender uma fogueira à meia-noite atrai almas penadas – melhor ainda se o local for bem escuro, como um bosque, uma caverna ou uma encruzilhada afastada. Se a noite estiver enevoada, mais chances de o espírito se manifestar, já que ele não vai precisar se mostrar demais. Quanto mais tempo se passa após a morte, fica mais difícil encontrar a alma, que já pode estar longe
Corte no pescoço
O sangue é um elemento-chave. Os clientes levam animais (galinhas e ovelhas) para serem sacrificados na hora. A garganta é cortada e o líquido deve escorrer na terra dentro do círculo. A matança rola ao som de canções que evocam o espírito a se manifestar
Informante
O morto pode ser usado como uma arma para atormentar e até matar pessoas. Mas é mais comum que ele seja solicitado para uma conversa sobre assuntos do passado ou do futuro. Como o espírito vive em um espaço-tempo diferente, ele poderia ver além do nosso tempo
Chantagem zumbi
Na variação do ritual, um círculo é traçado em torno da cova, o corpo é exumado e os órgãos vitais são retirados. A sacerdotisa invoca o espírito, ameaçando deixar o cadáver largado. A alma volta ao corpo, mesmo em decomposição, para cumprir o que lhe foi pedido
Ingredientes macabros
Os elementos usados nos rituais de necromancia
1) Comida podre: Pão apodrecido, suco de uva velho e frutas estragadas devem ser consumidos antes de começar o ritual
2) Carne de cachorro: O animal é considerado o guardião de Hecate, a deusa grega dos mortos
3) Pedaço de cadáver: Ajuda a contatar o morto. Também podem ser usadas partes de outros corpos
4) Talismãs: Símbolos dos antigos gregos têm ligação com antigos rituais de necromancia dos tempos de Homero
5) Bastão cerimonial: Para traçar o círculo em torno dos participantes. Pode ser batido no chão para atrair o espírito
6) Roupas: Para facilitar o contato, a sacerdotisa veste peças e usa joias do falecido durante vários dias
7) Velas: Assim como a fogueira, ajudam a conduzir o morto para o caminho certo
8) Incensos: O fogo perfumado com ervas aromáticas atrai a alma para mais perto
FONTES Livros Raising Hell: A Concise History of the Black Arts and Those Who Dared to Practice Them, de Robert Masello; Greek and Roman Necromancy, de Daniel Ogden