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Como o Ozempic age no corpo?

O medicamento imita uma substância natural do corpo. Saiba mais.

Por Victor Bianchin
4 out 2025, 16h00

O ano de 2025 foi gigante para a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk: a empresa fechou o primeiro semestre com aumento de 22% nos lucros, totalizando R$ 46,4 bilhões e aumento de 18% nas vendas. Boa parte disso se deve ao Ozempic.

O Ozempic é um medicamento injetável criado para combater diabetes tipo 2, mas que ganhou projeção devido ao seu uso “off-label” (fora da recomendação da bula) como emagrecedor. Isso porque um dos efeitos colaterais da semaglutida, seu princípio ativo, é a perda de apetite.

O campeão de vendas da Novo Nordisk, porém, é outro: Wegovy, também de aplicação subcutânea e com base na semaglutida. A diferença é que seu uso não é off-label: ele foi desenvolvido especificamente para atuar na perda de peso.

Ambos os medicamentos fazem parte do grupo conhecido como agonistas do GLP-1 (ou agonistas do receptor do peptídeo-1 semelhante ao glucagon), usados no tratamento do diabetes tipo 2 ou para perda de peso. O mercado possui produtos com base em seis substâncias do tipo: semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida (mais sobre o GLP-1 adiante).

No Brasil, entre abril e junho, as vendas de medicamentos da classe GLP-1, incluindo o Ozempic, aumentaram 15,5% em comparação ao trimestre anterior e 39,1% em relação ao mesmo período de 2024.

O sucesso é tanto que, desde o dia 23 de junho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a exigir a retenção da receita na venda desses medicamentos, de modo a coibir o uso irregular e abusivo. “O uso excessivo e irracional de medicamentos relacionados ao controle do apetite ou à sensação de saciedade constitui um problema de saúde pública”, disse a agência.

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A febre por esses fármacos tem justificativa: eles promovem um emagrecimento rápido e eficaz. Mas, afinal: como é que eles agem?

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A ação do Ozempic e similares no corpo

Os agonistas do GLP-1 são medicamentos que imitam a ação do GLP-1, um hormônio natural do nosso corpo. Essa substância é secretada no intestino em resposta à ingestão de alimentos, principalmente carboidratos e gorduras. Ela tem várias funções:

  • Estimular a secreção de insulina pelo pâncreas de forma dependente da glicose.
  • Inibir a liberação de glucagon (hormônio que aumenta a glicemia), reduzindo a produção de glicose pelo fígado.
  • Retardar o esvaziamento gástrico, aumentando a sensação de saciedade.
  • Atuar em receptores no sistema nervoso central, modulando o apetite.
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“De forma dependente da glicose” significa que esses agonistas só diminuem o nível de açúcar no sangue quando ele está alto, diferentemente da insulina, que age independentemente desse índice. Isso impede que o açúcar no sangue caia para níveis abaixo do desejado (hipoglicemia). Dessa forma, remédios como o Ozempic se consolidaram como tratamentos eficazes na luta contra o diabetes.

O uso dos agonistas de GLP-1 na perda de peso depende da recomendação médica. Embora o Ozempic (semaglutida) e o Mounjaro (tirzepatida) tenham se popularizado nesse campo, hoje já há medicamentos do tipo específicos para esse fim, como Saxenda (liraglutida), Wegovy (semaglutida) e Zepbound (tirzepatida). Em geral, são administrados por meio de injeções no abdômen, nas coxas e no braço uma vez por semana.

(A Novo Nordisk, nesse momento, conduz testes para semaglutida via oral. Mais sobre essa pesquisa neste texto da Superinteressante.)

Esses medicamentos agem de duas formas:

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  • Desaceleram o esvaziamento do estômago, mantendo a pessoa saciada por mais tempo.
  • Enviam sinais para o cérebro indicando a sensação de saciedade, o que diminui a ingestão de calorias.
  • Aumentam a liberação de insulina em resposta a níveis elevados de açúcar no sangue.
  • Inibem a liberação de glucagon.

Os dois primeiros efeitos são, portanto, similares aos de uma cirurgia bariátrica — inclusive, tratamentos com semaglutida são muitas vezes prescritos como alternativas a essa intervenção. 

O prolongamento da saciedade previne que a pessoa coma compulsivamente e facilita a adesão a uma dieta mais saudável, mesmo em períodos de estresse ou em contextos onde o consumo de calorias é estimulado, como festas. Essa sensação de “estar cheio” também afasta o apetite noturno e a vontade de fazer várias refeições ao dia. 

Mas é importante dizer que, quando uma pessoa começa a usar esses remédios, o corpo pode se acostumar, estabelecendo um novo normal e favorecendo a estagnação do peso. Além disso, se o consumo é interrompido, são grandes as chances de a pessoa ganhar de volta o peso que perdeu.

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“Estes são medicamentos que salvam vidas para pessoas com diabetes tipo 2. Eles são realmente revolucionários para pessoas com obesidade grave e funcionam muito bem nessas condições. No entanto, não são necessariamente indicados apenas para perder alguns quilos. Existem outras estratégias, como dieta e exercícios, que ainda devem ser suas primeiras opções”, afirma Patrick R. Sweeney, professor de fisiologia molecular e integrativa da Universidade de Illinois.

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