Ele ataca as células do sistema imunológico (linfócitos), alterando seu funcionamento e reduzindo sua contagem. Isso faz com que a capacidade de combater doenças seja comprometida gradativamente. “Ao longo dos anos, com a multiplicação do vírus e a diminuição das células T CD4+ a níveis críticos, o organismo fica vulnerável às infecções chamadas oportunistas, que comumente não acontecem em quem tem uma boa imunidade”, explica Alexandre Marra, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein. As mais comuns são nos pulmões, no trato intestinal, no cérebro e nos olhos. Nesse estágio, o paciente possui a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). Os medicamentos usados no tratamento atuam no sistema imunológico, porque bloqueiam o HIV nas diferentes fases do seu ciclo, reduzindo a quantidade do vírus no corpo.
Multiplicar e conquistar
HIV tem um décimo de milésimo de milímetro, mas causa um problemão
1. O vírus é contraído pelo contato sexual ou com sangue contaminado. No primeiro caso, acredita-se que ele grude em células imunológicas chamadas dendríticas, presentes nas mucosas da boca, da vagina, do pênis, do reto e do trato gastrointestinal. Elas o transportam aos nódulos linfáticos (onde são produzidas e armazenadas células de defesa)
2. Como precisa de uma célula hospedeira para se manter vivo, o HIV age já nas primeiras horas após a infecção. Ele tem uma espécie de “encaixe” que o conecta perfeitamente a receptores na membrana das células T CD4+, um tipo de linfócito que organiza a reação do corpo a invasores. Mas outros órgãos, como o cérebro, também podem ser afetados e usados como esconderijo
3. O vírus então libera uma enzima chamada transcriptase reversa, que altera seu próprio material genético, convertendo-o de RNA para DNA. Isso permite que ele se integre ao código genético da T CD4+. Uma das classes de medicamentos para tratamento anti-HIV bloqueia justamente essa enzima. O HIV pode permanecer inativo por muitos anos
4. O invasor continua produzindo novas enzimas com diferentes funções, como a replicação de seu material genético, a criação de proteínas longas e a quebra dessas proteínas. Depois, esses “pedaços” são unidos ao seu próprio DNA. É isso que lhe permite criar a base para “se duplicar”. Parte do coquetel anti-HIV visa bloquear uma dessas enzimas, a protease
5. O novo vírus se separa da célula T CD4+ e rouba uma parte de sua membrana, com todas as estruturas necessárias para se juntar a outra T CD4+ e reiniciar o processo. Isso significa que o HIV passou a gerar cópias de si mesmo. Com seu funcionamento gravemente afetado, as T CD4+ vão se tornando menos eficientes e perdendo sua habilidade de combater outras doenças
6. O número de células T CD4+ diminui. Normalmente, temos entre 800 e 1200 delas por milímetro cúbico de sangue. Quando esse total fica abaixo de 200, o organismo se torna vulnerável a infecções oportunistas. Além disso, o paciente sofre com perda de peso, diarreia e problemas neurológicos. É a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids)
Tragédia em quatro atos
Infecção é classificada em etapas
1. Infecção aguda
De três a seis semanas, uma grande quantidade de vírus é produzida no corpo. Muitas pessoas costumam apresentar sintomas que descrevem como a pior gripe que já tiveram na vida
2. Fase assintomática
O vírus está ativo, mas não enfraquece muito o organismo. Não há sintomas. Se a pessoa começar o tratamento, pode viver assim por décadas. Caso contrário, o estágio dura cerca de dez anos ou menos
3. Fase sintomática inicial
Os linfócitos T CD4+ começam a se reduzir drasticamente. Começam a surgir problemas como sudorese, fadiga, emagrecimento, diarreia, gengivite e herpes
4. Aids
Quando o número de células T CD4+ diminui e cai a níveis inferiores a 200 células/mm3, considera-se que a pessoa tem aids. Sem um tratamento adequado, o tempo de vida estimado é de três anos
Consultoria Alexandre Marra, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein
Fontes Sites aids.gov, aids.gov.br e National Institutes of Health