André Alves,
São Paulo, SP
É como se a gente chamasse um encanador e um pedreiro para consertar um cano que estourou na cozinha. Primeiro, o encanador estanca o vazamento. Em seguida, o pedreiro cimenta a parede e deixa tudo novinho. É mais ou menos isso que acontece no nosso organismo na região de um machucado. Só que, em vez de pedreiros e encanadores, entram em cena glóbulos brancos, plaquetas e outras células que atuam na cicatrização da ferida. O tempo que vai durar essa empreitada depende de vários fatores: a gravidade do corte, as condições de saúde da pessoa e o jeito como a ferida é tratada. Como é impossível interferir na gravidade da lesão, só nos resta aprender a cuidar bem dos machucados. Se a ferida for superficial, como uma ralada no joelho, por exemplo, nada de sustos: apenas lave bem a região com solução fisiológica ou água corrente limpa e sabão neutro – para retirar tecidos mortos superficiais e corpos estranhos, como resíduos de asfalto, areia etc. Outra dica dos especialistas é evitar o ressecamento da ferida, o que retarda a cicatrização. Por isso, o ideal é mantê-la úmida com o uso de curativos do tipo band-aid. Quando aparecer a “casquinha” do machucado, não fique mexendo nela, o que também compromete a cicatrização que virá. Todas essas dicas acima, é bom frisar, são apenas para lesões superficiais. No caso das graves – que atingem camadas mais profundas, como músculos e ossos – não hesite: procure um ambulatório. Aliás, daqui a alguns anos você poderá procurar nesses locais médicos especializados no tratamento de feridas. Embora ainda não tenham o reconhecimento oficial dos órgãos competentes, muitos médicos que se dedicam apenas a essa área da medicina já se autodenominam “feridólogos”.
Na Livraria:
Nova Abordagem no Tratamento de Feridas – Prof. Dr. Luiz Claudio Candido, Senac-SP, 2001
Na Internet:
1. Quando você faz um machucado que ultrapassa a camada da pele que mede de 1 a 4 mm , vasos sanguíneos podem ser cortados. O sangue que se espalha pelo local contém várias substâncias, de glóbulos vermelhos (que transportam oxigênio) às plaquetas (responsáveis pela coagulação)
2. Imediatamente o organismo direciona mais plaquetas para a região e tem início a produção de fibrina substância que só se forma no sangue quando um vaso é rompido. As plaquetas se juntam nas pontas dos vasos cortados e atuam como um tampão, parando o sangramento em alguns minutos. A fibrina age como a cola dessa união de plaquetas
3. A defesa da região leva cerca de três dias e é feita pelos glóbulos brancos. Essas células sanguíneas destroem seres estranhos que entraram no corpo pelo machucado como bactérias. O processo de defesa deixa a ferida inflamada alguns dias. Nesse período também aparece a “casquinha” do machucado, que é simplesmente o sangue coagulado e ressecado
4. Após a ação dos glóbulos brancos, vem a limpeza geral. Entram em cena os macrófagos (um tipo de célula presente na pele), que “engolem” células mortas e as últimas bactérias que restaram. Ao mesmo tempo, cresce o fluxo de sangue na região, dando origem àquela vermelhidão típica de machucado. Com mais sangue, multiplicam-se as células na porção superficial da pele
5. A irrigação sanguínea extra também traz algumas células chamadas fibroblastos, que produzem um tipo especial de tecido: o colágeno. Aliado à multiplicação das outras células da pele, o colágeno forma novas fibras. São essas fibras que se juntam para fechar de vez a ferida, o que ocorre de fora para dentro do machucado
6. Cerca de duas semanas após o acidente, a ferida já está totalmente coberta com uma nova camada de pele. No máximo, dependendo da gravidade do corte e do organismo de cada pessoa, restará no local uma pequena cicatriz para lembrar o acidente
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