SUGESTÃO Laura Tanure
ILUSTRAS Aluísio Cervelle Santos
1. Chamado tecnicamente de estalactite de gelo, ou brinicle, esse fenômeno submarino raro foi documentado pela primeira vez em 1974. Ele ocorre apenas nas regiões polares, durante o inverno. Nessa época, a temperatura acima do mar cai para pelo menos -40 oC, bem mais fria do que a água do oceano, em torno de -2 oC
2. Nessas condições, o congelamento da superfície não forma um gelo sólido, como nos icebergs, e sim “poroso”, com canais internos. Por eles, corre uma água salgada e muito gelada, direcionada para baixo devido à sua densidade e ao fluxo de calor no fundo do mar (a água “menos fria” sobe e a mais fria desce)
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3. Conforme passa pelos canais internos, a água supergelada carrega mais sal, alterando a densidade e ficando mais fria. Quando sai do “cano”, o jato de salmoura resfria a água do oceano ao redor de si, que é menos densa, menos fria e acaba se congelando. Ou seja, o cano é milimetricamente prolongado e a estalactite cresce
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4. O mar precisa estar calmo para não quebrar a formação. Se ela conseguir atingir certo tamanho, torna-se autossustentável e cresce desenfreadamente, até chegar ao fundo do mar. No chão, o processo continua como um “rio de gelo” que serpenteia pela superfície, congelando seres que não conseguem escapar, como estrelas-do-mar
Melhor que Frozen
Um brinicle filmado pelo canal BBC perto da ilha Razorback, na Antártida, levou seis horas para atingir 10 m de altura. Clique aqui para conferir o vídeo
FONTES Sites BBC e Discovery, e artigos Ice Stalactites: Comparison of a Laminar Flow Theory with Experiment, de Seelye Martin, da Universidade de Cambridge, e Brinicles as a Case of Inverse Chemical Gardens, de Julyan Cartwright, da Universidade de Granada