Como se detecta uma pintura falsificada?
Existem várias técnicas usadas para isso, mas nenhuma delas é considerada 100% eficaz. O primeiro passo para confirmar a autenticidade é estudar o chamado pedigree da pintura sob suspeita: uma extensa documentação que sempre acompanha obras de arte importantes, certificados de autenticidade, por exemplo, registrando dados como quem a vendeu e quais alterações foram feitas […]
Existem várias técnicas usadas para isso, mas nenhuma delas é considerada 100% eficaz. O primeiro passo para confirmar a autenticidade é estudar o chamado pedigree da pintura sob suspeita: uma extensa documentação que sempre acompanha obras de arte importantes, certificados de autenticidade, por exemplo, registrando dados como quem a vendeu e quais alterações foram feitas na tela original em restaurações. Depois disso, pode-se optar por vários procedimentos. Um estudo detalhado sobre o período ao qual a obra supostamente pertence pode ser encomendado a historiadores de arte. Esses especialistas produzem diagnósticos chamados expertises que apontam suas opiniões sobre a originalidade ou não do quadro. O problema é que mesmo as expertises não são definitivas e podem gerar discordâncias entre um historiador e outro. Existem ainda as análises mais científicas, feitas com equipamentos especiais, como mostra a tabela abaixo, mas nem mesmo eles são perfeitos.
Como ainda não há um teste de DNA infalível para esses casos, alguns museus acabam tirando proveito das trapaças artísticas. Após descobrir em sua coleção do século XIX algumas falsificações muito bem feitas, o Victoria and Albert Museum, em Londres, na Inglaterra, resolveu dedicar uma sala apenas para esse tipo de obra. O assunto é tão delicado e complexo que, mesmo após laudos técnicos detalhados atestarem a falta de autenticidade de uma tela atribuída a um artista famoso, ela não é destruída. Afinal, uma avaliação mais precisa pode dar outro diagnóstico daqui a alguns anos – e ninguém quer correr o risco de jogar fora alguns milhões de dólares.
Existem quatro testes científicos para desmascarar falsificações
Exame Estratigráfico
Um pedacinho ínfimo da tela é retirado e analisado em microscópio para verificar as diferentes camadas de tinta e verniz. Assim, dá para checar se essas camadas seguem a ordem que o suposto autor da obra costumava aplicar
Exame Ultravioleta
Projetada sobre a tela, essa luz especial deixa eventuais retoques mais escuros que o resto da obra. Dá para descobrir, por exemplo, se uma tela antiga qualquer foi adaptada para se transformar em obra de um artista famoso
Exame Infravermelho
Esse outro tipo de luz ajuda a identificar o chamado pentimento (“arrependimento”), uma primeira camada de esboços desprezados pelo artista. As tentativas, erros e acertos também dão boas pistas de sua identidade
Raio X
Essa radiação revela desde o tecido e os grampos da tela até as várias camadas de tinta usadas, além de arranhões e riscos imperceptíveis a olho nu. Às vezes, basta uma marca suspeita para denunciar o falsário