Atualmente, a preservação de corpos de pessoas mortas é feita retirando sangue e outros fluidos e injetando uma solução de água e formaldeído para interromper o processo de decomposição. Técnicas de embalsamamento são conhecidas há mais de 4 mil anos.
Os egípcios acreditavam que usávamos nosso corpo mesmo depois da morte, por isso era preciso conservá-lo. Até hoje essa técnica é empregada, mas não para fazer múmias, e sim para transportar corpos e conservá-los durante o velório.
Corpo fechado
Versão moderna do embalsamamento surgiu no século 17, com o fisiologista inglês William Harvey, pioneiro na descrição da circulação sanguínea
1. Como a decomposição age rápido, quanto antes for iniciado o processo, melhor. A limpeza do corpo é feita com ele colocado em uma mesa cirúrgica, despido e lavado com desinfetantes e germicidas. Depois, é preciso tirar a rigidez do corpo (rigor mortis), massageando os músculos e a face.
2. Uma incisão de 8 cm é feita entre o ombro e pescoço. Dessa abertura, puxa-se a artéria carótida, onde é inserido um pequeno cano. Ele está ligado a uma máquina que bombeia o sangue para fora do corpo. Pelo mesmo canal, é injetado o fluido embalsamador.
3. O fluido é composto de água e formaldeído. Para conservar o corpo, são necessários 4 litros de fluido para cada 23 kg de peso do falecido. Aos poucos, a solução preenche os espaços de onde o sangue foi retirado. Isso evita que os órgãos desidratem e se decomponham.
4. Outra incisão, menor, é feita próxima ao umbigo. Por ali, é inserido o trocar, um instrumento cirúrgico que tem de 5 a 12 mm de diâmetro e é semelhante a uma antena. Acoplado a um aspirador, sua função é retirar gases de fluidos corporais que se acumulam principalmente no sistema digestivo.
5. Após cerca de três horas de procedimento, é hora de fechar as incisões: a artéria usada para a drenagem é suturada, assim como as demais aberturas feitas na pele. Além de ser novamente lavado, o corpo é desinfetado e vestido. O trabalho da equipe de embalsamamento está feito.
6. Entra em cena o responsável por fazer intervenções cosméticas e esconder manchas na pele. Ele aplica creme hidratante e maquiagem para deixar a pessoa com a aparência mais próxima possível da que tinha em vida. Vale até uma aparada no cabelo ou na barba.
Embalsamados
Corpos de líderes famosos que ficaram expostos após a morte
Lênin: o líder da Revolução Russa, morto desde 1924, tem o corpo exposto até hoje na Praça Vermelha, em Moscou. Stálin, sucessor de Lênin no comando da União Soviética, também foi embalsamado e passou dois anos exposto antes de ser enterrado
Lincoln: o ex-presidente dos EUA foi tão importante para o fim da escravidão que, mesmo depois de morto, fez uma turnê de 19 dias pelo país. Embalsamar corpos se disseminou nos EUA durante a Guerra Civil. Isso facilitava o transporte de vítimas por grandes distâncias
Kim Jong-Il: o ex-ditador da Coreia do Norte também foi embalsamado. Seu corpo está em exposição permanente no mausoléu Kumsusan, na capital, Pyongyang, desde dezembro de 2012
CONSULTORIA Marivaldo Silva, coordenador de tanatopraxia do Grupo Vila (Recife, PE)
FONTES Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços Funerários do Estado do Paraná; American Society of Embalmers; BBC History; BBC News Magazine; Britannica Online; ConMed Endosurgery; The Guardian; The Morning News; The New York Times