ILUSTRA Berje
PERGUNTA Larissa Yukie Pianho, Campo Mourão, PR
Boa parte do Ocidente “herdaria” seja lá qual outra religião predominasse no Império Romano. Para o historiador italiano Arnaldo Momigliano (1904-1987), que trabalhou nessa hipótese por anos, essa religião seria o mitraísmo, crença politeísta com fortes traços helenísticos, surgida 2 mil anos antes, na Pérsia. Ela se alastrou pela sociedade romana entre os séculos 1 e 4 e até o imperador Aureliano (214-275) era adepto. Só não cresceu mais porque foi proibida em 391, pelo imperador cristão Teodósio (347-395). Sem o catolicismo, outra religião que se difundiria bem seria o islamismo. A região onde hoje fica o Brasil, provavelmente, rezaria para Alá.
Sacrifício ao vivo
Entre os séculos 1 e 4, o mitraísmo tinha fiéis desde onde hoje fica a Inglaterra até o norte da África e a atual região de Israel. O principal deus do mitraísmo é Mitra, que teria nascido de uma pedra e realizado o sacrifício de um touro ao deus Sol. No mundo sem catolicismo, esse mesmo ritual seria repetido por sacerdotes (que poderiam continuar sendo chamados de “padres” graças à influência do latim), reunido com os adeptos em um templo sem janelas.
Norte x Sul
Na Idade Média, a Europa era dividida em feudos isolados, cujo único ponto comum era a fé católica. Foi por causa dela que França e Inglaterra se uniram, por exemplo, para expulsar os muçulmanos da península Ibérica. A Europa mitraísta seria menos unida e mais tolerante, o que permitiria ao islamismo se espalhar no sul do continente.
Ai, meus deuses!
Por volta do ano 1000, a Europa estaria dividida entre norte e sul (a linha vermelha na ilustração ao alto). Os povos bárbaros do norte, por também adorarem vários deuses, se identificariam com o mitraísmo. Assim, adeririam à religião mais rápido do que ocorreu com o cristianismo. Nesses lugares, a influência romana permaneceria, em áreas como a Justiça e a arquitetura.
Festa da arte
A ocupação da América teria rolado antes. Os vikings, que chegaram ao Canadá no século 10, teriam ficado, e a América do Norte seria colonizada por mitraístas. As grandes cidades teriam até hoje descendentes de suas tribos nativas originais. Nesses lugares, seriam muito estimuladas as ciências humanas e a arte – as pinturas fariam referências aos deuses do mitraísmo.
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Navegações pela fé
Com a chegada dos mitraístas à América do Norte e sem o longo período de acomodação política europeia da Idade Média, os islâmicos teriam se lançado ao Atlântico e ocupado as Américas Central e do Sul. Eles dariam ainda mais ênfase à conversão imediata dos nativos do que os espanhóis e os portugueses católicos.
Sempre cabe mais um
Para David Ulansey, professor de história da religião da Universidade de Princeton, politeístas tendem a ser mais abertos a outras culturas. Por onde passassem, os mitraístas provavelmente permitiriam outras religiões desde que elas incluíssem seus deuses no panteão. Só seriam agressivos com monoteístas, o que acirraria o conflito com o sul islâmico. (E, embora fosse mais tolerante com outras culturas, a sociedade mitraísta não daria espaço para a mulher).
Tchau, Carnaval
Convertido ao islã, provavelmente o Brasil faria parte de uma grande nação sul-americana, dividida em califados. As cidades estariam cheias de mesquitas, todos falariam árabe, a miscigenação seria menor e as mulheres jamais seriam autorizadas a passear na praia (muito menos de biquíni!). O Carnaval, festa pagã aceita pelo cristianismo, não existiria.
+ E se todas as pessoas peidassem ao mesmo tempo?
+ E se não houvesse corrupção no Brasil?
Brasil potência
Na nossa história real, a civilização islâmica foi muito avançada na medicina, com importantes centros de tratamento e pesquisa. Também brilhava na ciência militar e na exploração de petróleo. Espalhada pelo mundo, poderia se desenvolver ainda mais. O Brasil seria mais forte tecnologicamente e teria descoberto as reservas do pré-sal bem antes. Nossos calendários marcariam o ano de 1433, não 2012, já que seguiríamos o padrão muçulmano.