
No início dos anos 20, Virgilio César dos Reis construiu uma casa com jeitão de castelo medieval. O imóvel fica na esquina da Avenida São João com a Rua Apa, local requintado em São Paulo, à época. O castelinho sempre foi estranho na paisagem paulistana, mas chamou a atenção após um crime acontecido em 1937, três anos após a morte de Virgilio.
Segundo a polícia, os filhos Álvaro, 45 anos, e Armando, 43, discutiram sobre o destino da herança de Virgilio. O primeiro queria abrir um rinque de patinação, mas o irmão era contra. Numa briga, Álvaro atirou por acidente em sua mãe, Maria Cândida, que tentava acalmar os filhos. Em seguida, matou Armando e cometeu suicídio.

Enquanto a propriedade passava de mão em mão, os locatários do castelinho ouviam barulhos bizarros, vultos e aparições. Em 1987, quando o último herdeiro direto da família morreu, o imóvel virou propriedade da União e ficou abandonado. Em 1996, a ONG Mães do Brasil ocupou o imóvel, que está tombado desde 2004, à espera de uma reforma.
A explicação da polícia tem controvérsias em relação ao que apuraram os peritos do IML, na época. O próprio laudo técnico foi concluído com falhas: além de Álvaro ser destro e a arma estar em sua mão esquerda, ele teria se matado com dois tiros no peito. Estudiosos do caso acreditam que a família foi assassinada por outra pessoa. Dois anos depois, a casa passou a ser alugada (e assombrada!)
Relatos de fantasmas, lamentações e vultos no castelinho intrigaram muita gente. A produção do seriado Ghost Hunters International, do canal SyFy, investigou o lugar à procura de sinais paranormais e registrou um EVP (sigla em inglês para “fenômeno eletrônico de voz”), áudio captado apenas por gravadores. Quando deram o play, uma mulher gritava “Eduardo”!
O Castelinho da Rua Apa foi cenário dos filmes Fogo e Paixão e Padre Pedro e a Revolta das Crianças.
CONSULTORIA Angela Arena, pesquisadora e professora de turismo na Faculdade Anhanguera, e Mateus Fornazari, do site Sobrenatural
FONTES Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada de Recife, Fundação Gilberto Freyre; programas de TV Ghost Hunters International (SyFy); Linha Direta (Globo) e Fantástico (Globo); jornais Diário de S. Paulo, Folha de Pernambuco, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e O Fluminense; sites G1 e R7; revista VEJA; livros Assombrações do Recife Velho, de Gilberto Freyre, Histórias Mal-Assombradas do Caminho Velho de São Paulo e Histórias Mal-Assombradas do Tempo da Escravidão, de Adriano Messias; e tese de doutorado Trabalho e Cotidiano na Mineração Aurífera Inglesa em Minas Gerais: A Mina da Passagem de Mariana (1863-1927), de Rafael de Freitas e Souza