As estátuas de cera de Madame Tussaud são uma das mais famosas atrações de Londres. Tão famosas que hoje o museu se espalhou por 24 cidades em quatro continentes. Mas esse turismo bonitinho, mas meio cafona, tem uma origem um tanto mórbida.
Marie Tussaud (1761-1850) foi uma artista francesa que viveu tempos conturbados – afinal, tinha uma revolução em seu país, e era aquela mesma, a Revolução Francesa. No fim do século 18, forçada a demonstrar fidelidade à causa revolucionária, ela teve que criar máscaras mortuárias dos aristocratas decapitados na guilhotina. Tussaud fez, inclusive, as máscaras de Robespierre, Jean-Paul Marat e do casal real, Luís 16 e Maria Antonieta.
A máscara mortuária é uma invenção milenar, que servia como uma memória de pessoas mortas em tempos pré-fotografia. A grande sacada de Tussaud foi fazer da prática uma atividade comercial em larga escala. Em 1802, ela levou sua coleção para uma turnê no Reino Unido. Fez sucesso e, em 1835, estabeleceu-se em Londres, expandindo o portfólio para figuras da realeza britânica, políticos e até bandidos famosos.
A coleção gerou controvérsia e os críticos diziam que Tussaud explorava tragédias com sensacionalismo para puxar o público pela sua curiosidade mais grotesca.
Hoje, as estátuas são feitas a partir de fotografias e consomem até cinco meses o trabalho de 20 artistas. Como não são construídas com máscaras mortuárias, os homenageados não precisam mais estar mortos. Em 2017, Donald Trump entrou no elenco do museu.