ILUSTRA: Felipe Watanabe
É um recurso em que a própria linguagem é utilizada como tema e conteúdo daquilo que será escrito. Ou, em outros termos, é quando algo está falando de si mesmo. A origem da palavra remete aos estudos do pensador russo Roman Jakobson, que, no início dos anos 60, definiu em seis as funções da linguagem: conativa, emotiva, fática, poética, referencial e metalinguística. Segundo ele, a metalinguagem tem um discurso que foca o código lexical do idioma. Um dos primeiros movimentos artísticos a utilizar a metalinguagem foi a poesia. Com ela, os poetas podiam expressar para o leitor os seus sentimentos diante das palavras e até fazer críticas de cunho social e político. Um exemplo recente do recurso é um dos teasers do novo filme do Deadpool em que ele avisa que o trailer do longa está chegando. Confira nestas páginas uma seleção do uso da metalinguagem em diferentes mídias.
DEADPOOL(HQ)
O mercenário tagarela frequentemente age como se soubesse que está em uma HQ, conversando com o leitor e fazendo piadas com o universo de super-heróis. Além disso, os textos recordatórios do começo das histórias são feitos em primeira pessoa
1) CURTINDO A VIDA ADOIDADO (filme)
Em certas partes, o protagonista, Ferris Bueller, para e fala com a câmera como se estivesse explicando o filme para os espectadores
2) AS MENINAS, DIEGO VELÁZQUEZ (pintura)
Neste quadro, o pintor espanhol incluiu não apenas os personagens que estava encarregado de pintar mas também a si mesmo trabalhando na tela
3) HAMLET, WILLIAM SHAKESPEARE (livro)
O clássico mostra uma peça de teatro dentro da própria peça, feita por uma trupe a pedido do protagonista
4) “RAIN”, MADONNA (clipe)
No videoclipe dessa faixa, a cantora conta a história da filmagem de um videoclipe. Outro exemplo similar é “Torn”, de Natalie Imbruglia, em que vemos até o cenário sendo desmontado
5) “EMOÇÕES”, ROBERTO CARLOS (música)
A música é sobre a própria experiência de estar fazendo música: ela conta as diferentes sensações que o cantor sente ao estar no palco
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6) BIRDMAN (filme)
O filme aborda a produção de uma peça e, de certa forma, subverte e ironiza para o espectador o método como é produzida a arte dramática
7) AUTOPSICOGRAFIA, FERNANDO PESSOA (livro)
Nessa obra, o autor português retrata os sentimentos de um poeta. Ele diz: “E os que leem o que escreve, na dor lida sentem bem, não as duas que ele teve, mas só a que eles não têm”
8) MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, MACHADO DE ASSIS (livro)
O romance clássico traz o fantasma do protagonista fazendo para o leitor uma análise de sua própria vida
9) ASSASSIN’S CREED LIBERATION (game)
É um game que simula um game lançado pela Abstergo, a empresa dos Templários. Você assume o papel de um jogador que comprou o game para reviver as memórias da protagonista
10) BATMAN ARKHAM ASYLUM (game)
O primeiro jogo da franquia trazia um momento brilhante em que, com Batman sob o efeito do gás do medo do Espantalho, o game parecia travar e reiniciar. É como se o efeito do veneno estivesse atingindo seu próprio console, e não apenas um personagem num jogo eletrônico
11) TURMA DA MÔNICA (HQ)
Um dos personagens mais metalinguísticos é Bugu, que vive lembrando (e sendo lembrado) que está na “revistinha” ou na “historinha” dos outros
12) COMMUNITY (série)
No episódio “Cooperative Caligraphy”, os personagens são mantidos dentro de uma sala de estudos o tempo todo – artifício conhecido como “episódio engarrafado”, geralmente usado para cortar custos na produção de um programa. O telespectador é avisado, no início do programa, de que se tratará de um episódio assim
EPISODES (série)
O seriado inteiro é metalinguístico: Matt LeBlanc interpreta a si mesmo como um ator que está trabalhando numa série
FONTES Sites Folha de S.Paulo, Judão, Megahero, Observatório da Imprensa, Omelete, Pipoca e Nanquim, Pop, Tela Brasil, Uol e Brasil Escola