Na linha do Equador, a velocidade de rotação da Terra é maior do que em qualquer outro parte do planeta – e isso faz com que os foguetes que carregam os satélites ganhem um impulso extra, economizando combustível. Se um foguete fosse lançado de São Paulo, ele seria empurrado a uma velocidade de 1 525 km/h. Já nas proximidades dessa linha imaginária – onde ficam as bases de Alcântara, no Maranhão, e Barra do Inferno, no Rio Grande do Norte – o impulso grátis fica por volta de 1 660 km/h, o que dá uma diferença de 135 km/h.
Como os foguetes têm que atingir 40 mil km/h para escapar da gravidade e alcançar o espaço, esse ganho parece uma migalha. Mas não é bem assim. A carcaça de um ônibus espacial usado para lançar satélites pesa mais de 100 toneladas, exigindo um consumo de energia absurdo para fazer um troço tão pesado acelerar até essa marca de 135 km/h. Somando os custos de vários lançamentos, a economia chega à casa dos milhões de dólares.
Por isso, mesmo quando um país não tem bases de lançamento no Equador, elas são instaladas o mais perto possível dessa linha. A maior base dos Estados Unidos, por exemplo, fica em Cabo Canaveral, na Flórida, no extremo sul do país. De lá, o impulso é de 1 460 km/h. Se os foguetes fossem lançados de uma cidade mais ao norte, como Seattle, haveria uma perda de 330 km/h. Isso até motiva alguns países a instalar bases fora de suas fronteiras.
Em 2001, os Estados Unidos firmaram um acordo com o Brasil para usar a base de Alcântara. “No Equador, a vantagem é de 200 km/h em relação a Cabo Canaveral. Isso significa uma economia de combustível de 5,5%”, diz o físico Ron Koczor, da Nasa. Outra alternativa para países sem bases equatoriais é lançar seus satélites do mar mesmo. Desde o ano passado, a americana Boeing, junto com empresas de outros países, opera uma base no Pacífico. Bem em cima do Equador, claro.
Posição estratégica
Linha do Equador é o local de rotação mais veloz da Terra1 – A Terra, como todo mundo sabe, leva 24 horas para dar uma volta completa em torno do seu eixo. Apesar disso, devido a seu formato esférico, o planeta é mais gordo no Equador e mais magro perto dos pólos – o que faz com que sua velocidade de rotação não seja a mesma em todas as partes do globo
2 – No Equador, a circunferência do planeta é de 40 076 quilômetros. Com a Terra dando uma volta em torno de si mesma em 24 horas, essa linha gira a 1 669 km/h
3 – O círculo menor, próximo ao Pólo Norte, mede só 25 mil quilômetros aproximadamente. Ele completa, dessa forma, uma volta em torno de si mesmo a apenas 1 000 km/h
4 – Assim, se um satélite for lançado do Equador – em vez de do norte da Europa – ganhará um impulso extra de mais de 600 km/h