Com alguma licença poética, poderíamos dizer que foi por causa de um trauma de infância. Há cerca de 4,5 bilhões de anos, quando o Sistema Solar ainda era um disco de gás e poeira girando em torno do Sol, as nuvens que dariam origem a Vênus e a Urano sofreram turbulências particulares que modificaram para sempre sua rotação. “O motivo foram as colisões entre os pedaços que formaram esses dois planetas”, afirma o astrônomo Roberto Dias da Costa, da USP.
Assim, a rotação dos dois astros pode, de fato, ser considerada uma anomalia, já que a dos outros seis planetas do nosso sistema acompanha a rotação do Sol antes mesmo de terem nascido. “Isso acontece porque aquele imenso disco de gás e poeira girava junto com a estrela central. Aí, a maior parte dos planetas continuou naturalmente no mesmo sentido”, diz Roberto. Essa rotação contrária significa que um astronauta que fosse a Vênus veria o Sol nascer no oeste e se pôr no leste. Já em Urano isso não aconteceria. Como o planeta é praticamente “deitado” em relação ao Sol (com um eixo de inclinação de 98 graus), dias e noites são determinados pelo movimento de translação. Só amanhece ou anoitece quando o planeta dá meia volta em torno da estrela – o que equivale a 42 anos terrestres!
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