É a cesariana, cirurgia em que se realiza um corte no abdômen da mulher grávida para retirar o bebê. Não existe um levantamento mundial, mas os dados do Brasil permitem deduzir isso facilmente. Em 2007, foram feitas 650 404 cesarianas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) . Já a cirurgia não obstetrícia mais comum só rolou 147 mil vezes – foi a colecistectomia, a retirada da vesícula biliar. No mundo, as cirurgias obstetrícias – ligadas à reprodução – são as mais comuns, e nesse grupo as cesarianas se destacam porque o número de nascimentos é sempre muito maior que a incidência de qualquer doença. Mas a popularidade das cesarianas cresceu tanto que preocupa os especialistas. “Cerca de 40% dos partos do país são feitos por cesárea, sendo que a Organização Mundial da Saúde diz que esse número não precisa passar de 15%”, afirma a obstetra Regina Viola, do Ministério da Saúde.
Saída alternativa
Até o século 16, cesariana era morte certa para a mãe
DA ANTIGUIDADE AO SÉCULO 15
Na Antiguidade, abrir a barriga era morte certa. Nessa época e até o final da Idade Média o corte só era feito quando a mãe estava morta ou prestes a morrer, numa última tentativa de salvar o bebê ou para enterrá-los separadamente
SÉCULO 16
Os primeiros relatos de mães que sobreviveram à cesariana são do século 16. Mas só no século 19 é que isso deixou de ser raro, tanto na Europa – onde os médicos conheciam melhor a anatomia -, como na África, onde curandeiros usavam ervas para reduzir hemorragias e infecções
FIM DO SÉCULO 19
Finalmente apareceram as primeiras formas de anestesia e os médicos aperfeiçoaram técnicas e instrumentos. A ciência também descobriu os germes. Só lavando as mãos antes de operar, os médicos passaram a salvar as mães em metade das cesarianas!
INÍCIO DO SÉCULO 20
Com a cirurgia cada vez mais segura, os médicos começaram a realizá-la antes que a mãe estivesse “nas últimas”, aumentando as chances de sucesso. Na primeira metade do século 20 é que surgiram as técnicas de cesariana usadas até hoje
A PARTIR DO PÓS-GUERRA
Com a síntese da penicilina nos anos 40, a cesariana virou um procedimento muito seguro. Tão seguro que, na opinião de vários especialistas, passou a ser “banalizada”, sendo usada até mesmo em situações favoráveis a um parto normal