Depende do critério adotado. Se convertermos o salário mínimo para uma moeda referência, como o dólar, o menor seria o de Serra Leoa, na África, que não passa de 60 dólares. Já o maior seria o da Bélgica, que vale cerca de 1 040 dólares. O Brasil pode não ser o último do ranking, mas a comparação com outros países não é nada animadora. “No país, o piso mínimo tem variado entre 60 e 80 dólares nos últimos anos, o que nos deixa à frente apenas de Serra Leoa. Na América Latina, é o pior valor: todos os outros países pagam pelo menos 100 dólares”, diz o senador Paulo Paim (PT-RS), um especialista no assunto. Os Estados Unidos, apesar de terem a maior economia do mundo, não lideram o ranking do mínimo, pois lá se pagam cerca de 890 dólares, valor inferior ao piso não só da Bélgica, como também de outros países europeus, como Holanda, França e Irlanda.
Mas é importante frisar que o valor em dólares não é a melhor forma de comparar salários. “O mais indicado é construir uma lista que leve em conta o custo de vida do país, indicando o real poder de compra do salário”, afirma o economista Cláudio Salvadori Dedecca, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que a pedido de mundo estranho fez o gráfico comparativo abaixo. De acordo com esse critério, a Bélgica mantém a primeira posição, mas o fim da tabela muda um pouco, com o Brasil, por exemplo, apresentando um salário mínimo com maior poder de compra que o do México. Essas comparações, no entanto, não incluem todos os países do mundo, pois muitos sequer possuem um salário mínimo padrão. A Índia, por exemplo, tem mais de 100 faixas de pagamento diferentes, que variam conforme a idade, o ramo econômico, o tempo de serviço e a qualificação.
Criado no final do século 19, na Austrália e na Nova Zelândia, o salário mínimo foi adotado no Brasil em 1940, no governo de Getúlio Vargas. “Na época, havia 14 salários para diferentes regiões do país. O Rio de Janeiro, capital na época, tinha um piso quase três vezes superior ao do Nordeste. A unificação total só aconteceu em 1984”, diz o economista João Sabóia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Levando em conta o valor e o custo de vida do país, a Bélgica paga melhor
PAÍS – Bélgica
ÍNDICE* – 1,31
PAÍS – Holanda
ÍNDICE* – 1,18
PAÍS – França
ÍNDICE* – 1,09
PAÍS – Estados Unidos
ÍNDICE* – 1,00
PAÍS – Reino Unido
ÍNDICE* – 0,72
PAÍS – Argentina
ÍNDICE* – 0,34
PAÍS – Brasil
ÍNDICE* – 0,19
PAÍS – México
ÍNDICE* – 0,14
PAÍS – Nigéria
ÍNDICE* – 0,12
PAÍS – Quênia
ÍNDICE* – 0,06
* Para efeito comparativo, o poder de compra do mínimo nos Estados Unidos foi escolhido como padrão, equivalendo ao índice 1. Quanto maior o índice neste gráfico, maior é o poder de compra do salário mínimo. A comparação foi feita dentro de um grupo de países pré-selecionados
Fonte: Cláudio Salvadori Dedecca, economista da Unicamp, utilizando dados da Organização Internacional do Trabalho e do Banco Mundial relativos ao ano 2000