Para responder a essa pergunta superpolêmica – afinal, todo brasileiro tem um pouco de técnico de futebol – Mundo Estranho convocou um timaço de especialistas. Depois de ouvirmos a opinião de oito cronistas esportivos e dos craques Casagrande e Falcão, montamos nosso time dos sonhos. Deu uma equipe bem ofensiva: Gilmar, no gol, Carlos Alberto Torres e Nílton Santos nas laterais, os zagueiros Mauro Ramos de Oliveira e Luís Pereira. No meio de campo, Falcão, Didi e Rivelino. E no ataque, três goleadores: Pelé, Garrincha e Romário. Para comandar essas estrelas, escalamos o técnico Telê Santana. O curioso é que, na votação, nenhum jogador foi unanimidade. Nem mesmo Pelé, que recebeu oito votos. “O Pelé não pode entrar numa seleção dessas, tem de estar no time do universo”, afirma o comentarista Mauro Beting, que, como Casagrande, decidiu deixar o “rei” de fora do time dos sonhos. A disputa mais acirrada ocorreu no meio de campo e no ataque. Gérson, Rivelino, Tostão, Romário e Ronaldo “Fenômeno” receberam quatro votos. Corremos o risco da injustiça e optamos por Rivelino e Romário. Deixamos para sua imaginação a missão quase impossível de tentar achar adversários para esse supertime!
Nesse time dos sonhos, nove boleiros ganharam pelo menos uma Copa do Mundo
MAURO RAMOS DE OLIVEIRA (zagueiro)
COPAS – 1954, 1958 e 1962
Mauro foi o maior zagueiro do São Paulo, time que defendeu de 1948 a 1960, e do Santos, onde faturou o mundial interclubes em 1962 e 1963. Na Copa de 1958, foi reserva, mas, em 1962, brilhou como capitão e levantou a taça do bicampeonato
LUÍS PEREIRA (zagueiro)
COPA – 1974
Com 34 gols em 562 partidas, “Luisão” liderou o Palmeiras em sua fase mais vitoriosa, levando o caneco do Brasileirão em 1972e 1973. Desengonçado, tinha as pernas tortas e os pés virados para dentro, o que não diminuía em nada sua habilidade
CARLOS ALBERTO TORRES (lateral-direito)
COPA – 1970
Virando jogador contra a vontade do pai, o “capitão do tri” na Copa de 1970 cansou de ganhar títulos entre 1965 e 1970 e de 1972 a 1975, quando jogou pelo Santos. Em 2000, foi eleito pela Fifa como melhor lateral-direito da história
GILMAR DOS SANTOS NEVES (goleiro)
COPAS – 1958, 1962 e 1966
Único goleiro do país a ganhar duas Copas do Mundo, em 1958 e 1962, Gilmar também foi bi-mundial de clubes pelo Santos, em 1962 e 1963. Conhecido pela segurança e pela calma, jogou 18 anos e levantou 22 taças
NÍLTON SANTOS (lateral esquerdo)
COPAS – 1950, 1954, 1958 e 1962
Apelidado de “enciclopédia do futebol” pelo vasto repertório de jogadas, Nílton Santos inaugurou um novo papel para o lateral, fazendo lançamentos precisos, subindo ao ataque e marcando gols. Pela seleção, foi bicampeão em 1958 e 1962
TELÊ SANTANA (técnico)
COPAS – 1982 e 1986
Ganhou o rótulo de pé-frio por ter perdido as Copas de 1982 e 1986, mas encantou ao montar times que jogavam bonito “e sem violência. Como treinador de clubes, Telê ganhou mais de 15 títulos, incluindo o bi mundial com o São Paulo, em 1992 e 1993
RIVELINO (meio campo)
COPAS – 1970, 1974 e 1978
Grande ídolo de Diego Maradona, o “reizinho do parque” foi um dos melhores jogadores da história do Corinthians e mandou muito bem na Copa de 1970, marcando três gols. Seu chute potente foi apelidado de “patada atômica” pela torcida
PELÉ (atacante)
COPAS – 1958, 1962, 1966 e 1970
“Rei” do futebol, atleta do século, tricampeão pela seleção e bi pelo Santos. Recordista de gols (1 281) e de títulos (57). Em um rasgo de humildade, ele mesmo admitiria: “Pelé é coisa de Deus, é difícil explicar, não vai nascer mais”. Difícil discordar
FALCÃO (volante)
COPAS – 1982 e 1986
O maior jogador da história do Inter de Porto Alegre conduzia a bola sempre de cabeça erguida, procurando a melhor jogada. Arrebentou na Copa de 1982 e foi eleito o segundo melhor do mundo, atrás apenas do carrasco italiano Paolo Rossi
ROMÁRIO (atacante)
COPAS – 1990 e 1994
Herói do tetra na Copa de 1994, o “baixinho” fez mais de 800 gols na carreira e estufou as redes 70 vezes na seleção com a amarelinha, ele só fica atrás de Pelé. “É o maior jogador que eu vi jogar dentro da área”, diz o comentarista Juca Kfouri
DIDI (meio-campo)
COPAS – 1954, 1958 e 1962
Apelidado de “príncipe etíope” pela elegância e classe no meio campo, Didi fez 21 gols com a camisa da seleção e foi considerado o melhor jogador da Copa de 1958. Na final, sua liderança foi fundamental na virada por 5 a 2 contra a Suécia
GARRINCHA (atacante)
COPAS – 1958, 1962 e 1966
Com seus dribles desconcertantes, Garrincha brilhou na Copa de 1962, quando anotou 4 gols e liderou o time ao título. Com Pelé, “Mané” construiu um dos grandes tabus da seleção: com ele e o “rei” em campo, o Brasil nunca perdeu um jogo
Nosso júri: Alberto Helena Jr. (Diário de São Paulo), Casagrande (TV Globo), Falcão (TV Globo), Juca Kfouri (CBN e Rede Cultura), Mauro Beting (Rádio Bandeirantes e BandSports), Paulo César Vasconcellos (ESPN), Paulo Vinícius Coelho (ESPN), Roberto Avallone (Rede TV!), Ruy Carlos Ostermann (Zero Hora e Rádio Gaúcha) e Sérgio Xavier (Placar)