Estima-se que pelo menos 2 milhões de pessoas ajudaram na construção. Mas é praticamente impossível dar uma resposta exata pelo simples fato de que a obra demorou quase 2 mil anos, rolando em várias fases. “Certamente muitas gerações de trabalhadores foram usadas para erguer a Muralha”, afirma o especialista em cultura chinesa Chen Tsung Jye, da Univesidade de São Paulo (USP). Com seus 7 300 quilômetros, a Grande Muralha é constituída de várias muralhas, construídas, restauradas e ampliadas por diferentes dinastias que governaram a China. O paredão nasceu antes mesmo da unificação do país: por volta do século 7 a.C., feudos que ficavam no atual território chinês ergueram sistemas defensivos para proteger seus domínios. Quando o primeiro imperador chinês, Qin Shin Huangdi, conquistou esses feudos e os unificou para formar o território chinês, as muralhas dispersas foram conectadas em uma única linha para defender a China das invasões dos mongóis. Durante os 276 anos da dinastia Ming, entre 1368 e 1644, os muros passaram por um enorme processo de ampliação – a maior parte da Grande Muralha, que ainda pode ser vista hoje, é resultado das obras desse período. Depois dessa época, o paredão passou por um longo período de decadência, que durou até 1980, quando o líder comunista Deng Xiaoping liderou a restauração do monumento. Em 1987, a Muralha foi declarada Patrimônio da Humanidade pela ONU, e hoje é um dos destinos turísticos mais procurados do Oriente.
S.O.S. solidão
No topo de colinas foram instaladas torres para garantir a comunicação dos soldados que ficavam posicionados na Muralha, em prontidão contra uma invasão mongol. A comunicação era feita por meio de bandeiras ou sinais de fumaça, tambores, matracas e sinos. À noite, lanternas piscavam códigos previamente combinados
É pau, é pedra
A Muralha foi construída com os materiais disponíveis no local da obra. Em áreas montanhosas usavam-se rochas locais, enquanto nas planícies predominavam os blocos de terra socada. O material de construção só ficaria mais sofisticado no século 14, quando os muros ganharam tijolos e cal
Porta da esperança
Em locais estratégicos, torres de vigilância de até três andares com um portão de madeira permitiam a entrada de mercadores no território chinês e a saída de soldados para patrulhar as redondezas. A construção era feita de madeira ou tijolos e rodeada por um fosso para proteger as fronteiras
Em cima do muro
Parte principal do sistema defensivo, os muros têm largura média de 6,5 metros na base e 6 metros no topo. Sua altura média fica entre 7 e 8 metros – um pouco menos em colinas íngremes ou elevações acentuadas. As muralhas possuem ainda canaletas para impedir que a construção seja detonada pela enxurrada durante chuvas fortes
Infinita highway
Na prática, o topo da Muralha serve como uma estrada para cruzar o território chinês. Escadas e rampas no interior das passagens fortificadas garantem acesso tanto para homens como para cavalos a esse “elevado”, que possui parapeitos de proteção para arqueiros e uma parede com cerca de 1 metro de altura para evitar quedas
Tijolo por tijolo
Como a Muralha foi erguida em mais de 2 mil anos, os métodos de construção variaram muito. Em sua primeira fase, no século 3 a.C., o muro era feito só com pedras amontoadas ou terra socada e madeira. A partir do século 14, já com os tijolos em cena, os construtores misturavam cal e pasta de arroz para fabricar uma argamassa que servia de cimento
Lerê, Lerê
A Muralha foi erguida por sucessivas gerações de soldados e de camponeses, obrigadas a integrar as brigadas de construção. O trabalho pesado, as epidemias e as péssimas condições de subsistência causaram milhares de mortes – alguns cadáveres foram acrescentados à estrutura do muro
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