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Por que “Toy Story” é uma análise sobre o fim da infância

A trilogia "Toy Story" é, na verdade, uma análise sobre o fim definitivo da infância. Crescer traz uma sensação de conquista e, ao mesmo tempo, de perda

Por Giselle Hirata
Atualizado em 22 fev 2024, 10h33 - Publicado em 17 nov 2015, 16h59
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  • ilustra João Lauro Fonte

    edição Marcel Nadale e Tiago Jokura

    SEGUNDA PARTE DA MATÉRIA LENDO NAS ENTRELINHAS

    Harry Potter e as dores do amadurecimento

    – Ursinho Pooh e a lógica das crianças

    ENVELHECER NÃO É BRINQUEDO

    A trilogia Toy Story é, na verdade, uma análise sobre o fim definitivo da infância. Crescer traz uma sensação de conquista e, ao mesmo tempo, de perda

    Buzz

    Sou ou não sou?

    No primeiro filme, Buzz realmente se acha um astronauta. No segundo, é substituído por um clone com a mesma crença. No terceiro, é reprogramado e volta a acreditar nisso. Sua função é criar uma ponte entre o real e o imaginário – uma ponte que a criança cruza várias vezes. Ele ensina que fantasia tem começo, meio e fim (e que, quando acaba, é substituída por outra)

    Woody

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    O dono da lei

    Woody, o brinquedo predileto de Andy, é um homem da lei, uma figura da autoridade. Ele exerce, portanto, a função do pai: é um protetor que assegura que tudo ficará em seu lugar. Esse paralelo é reforçado no terceiro filme, quando Andy abandona Woody para ir à faculdade. Nossos pais são um tesouro querido, mas também precisamos “abandoná-los” para poder crescer

    Museu íntimo

    O sótão da vida

    Assim como Andy, muita gente guarda objetos da infância em uma espécie de museu íntimo, algo que representa nosso passado. Geralmente, ele fica na casa dos pais, porque foi lá que começamos a vida e porque é uma forma de deixar algo em nosso lugar quando partimos. Preserva-se, assim, uma fantasia de um dia podermos resgatar nossa infância

    Senhor Cabeça de Batata

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    Amor aos pedaços

    Em seus desenhos, é comum a criança errar a posição das partes do corpo humano. O Senhor Cabeça de Batata é a representação disso. Fazer-se e desfazer-se é uma brincadeira, mas também pode representar um pesadelo: a sensação de se “desconfigurar” é uma forma de angústia diante do abandono pelos pais, por exemplo

    Passo a passo

    Cada filme ensina uma lição rumo à maturidade

    Mundo além de nós

    No primeiro Toy Story, os temas remetem à infância inicial. A imaginação corre livre – toda criança já acreditou, um dia, que seus brinquedos tinham vida. Esse devaneio ajuda a entender um mundo que acontece mesmo sem nossa presença. O filme também aborda a atração pela aventura, pelas descobertas, já que, quando somos pequenos, tudo é novo

    Um entre muitos

    Há dois contrapontos em Toy Story 2: Woody descobre que é raro, enquanto Buzz descobre que há vários como ele. É outra lição do amadurecimento: conforme explora o mundo exterior (tal qual os brinquedos no resgate de Woody), a criança aprende que há várias como ela. Os pais devem reforçar que ela é única e especial

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    Hora do adeus

    Toy Story 3 mostra Andy indo para a faculdade, momento tradicional na cultura dos EUA em que o filho, enfim, “abandona” os pais. Ele precisa abrir mão dos elementos da infância, pois ela se torna incompatível com a nova fase. Mas esse processo acontece durante toda a vida: crescer é um longo processo de se desencantar com o que nos cerca

    Uma última curiosidade

    Crescer também envolve a entrada na sexualidade adulta – representada no encontro de Barbie com seu parceiro, Ken

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