Quase 90% das mortes por Covid-19 no mundo aconteceram em países com altos níveis de obesidade, revelou um novo estudo global nesta quinta-feira (04). Nos lugares onde pelo menos 50% dos adultos estão com sobrepeso, a taxa de mortalidade da doença foi 10 vezes maior.
As conclusões são de um novo relatório publicado pela Federação Mundial da Obesidade, que usou dados da Universidade Johns Hopkins e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para analisar a relação entre Covid-19 e obesidade pelo mundo. No estudo, “obesidade” foi a classificação para quem tinha um Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30; quem apresentava um número entre 25 e 30 se enquadrou na categoria de “sobrepeso”. A equipe descobriu que, das 2,5 milhões de mortes registradas até fevereiro de 2021 no mundo, 2,2 milhões ocorreram em países em que muitas pessoas estão acima do peso.
Em países onde menos de 40% da população está com sobrepeso, a taxa de mortalidade da Covid-19 é de cerca de 10 mortes em cada 100 mil pessoas. Mas, onde 50% ou mais dos adultos está nessa condição, a taxa sobe para 100 mortes a cada 100 mil habitantes. A correlação se manteve mesmo quando outros fatores importantes foram ajustados, como idade média da população e renda do país.
Países como Coreia do Sul, Vietnã e Japão, que possuem taxas de obesidade menores que 5%, também possuem baixa mortalidade por Covid-19, mesmo com populações relativamente envelhecidas. Já países como Estados Unidos e Reino Unido se destacam negativamente nos dois índices: os EUA têm 67,9% de sua população com sobrepeso e 36,2% com obesidade. No Reino Unido, os números são 63,7% e 27,8%, respectivamente. Ambas as nações acumulam uma alta mortalidade por Covid-19, tanto em termos relativos como absolutos.
No Brasil, 56,5% dos adultos estão com sobrepeso e 22,1% são obesos. Por aqui, a mortalidade também é alta: são 93,07 mortes a cada 100 mil habitantes, valor próximo aos 105,7 dos EUA.
Apesar da obesidade já ser conhecida como um grande fator de risco da Covid-19 há muito tempo, o novo estudo complementa o entendimento ao usar dados mundiais e populacionais, e não apenas de casos específicos. O relatório também ressalta que a associação não é exclusiva do Sars-Cov-2: outras doenças respiratórias e infecções virais, como a própria gripe, são mais letais em pessoas obesas.
Com os resultados, o grupo ressalta que a obesidade é um fator de risco e de morte “altamente relevante”, e que pessoas obesas devem ser priorizadas em campanhas de vacinação e testagem em massa. “Prevenir as crises de saúde e pandemias no futuro exige ação imediata: pedimos a todos que apoiem o apelo da Federação Mundial de Obesidade por economias mais fortes que priorizem o investimento na saúde das pessoas”, escrevem os autores.