Honestamente, fazer dieta é um saco. Comidas light, sem sal ou sem açúcar geralmente têm gosto ruim, e não conseguem matar aquela vontade de comer um bom hambúrguer com batatinhas. Pensando nisso, químicos do Instituto Nacional de Pesquisas de Agricultura, na França, bolaram um jeito de enganar o cérebro e fazê-lo acreditar que a comida light tem o mesmo gosto da original.
Os caras criaram uma máquina chamada Gas Chromatograph-Olfactometry Associated Taste (GC-OAT), capaz de inserir um cheiro específico em praticamente qualquer comida – e de fazer o cérebro gostar de alimentos que considera “sem gosto”.
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Para construir o transformador de aromas, os cientistas tiveram um trabalho dos grandes. Primeiro, alguns voluntários cheiraram suco de frutas através de um aparelho chamado olfactoscan, um recipiente vedado, com um canudo que leva uma rajada ininterrupta do aroma até o nariz da pessoa. Aí, os pesquisadores adicionaram moléculas diferentes, uma por uma, para descobrir qual delas mudaria a percepção que os voluntários tinham dos cheiros.
Enquanto testatavam misturas moleculares, os cientistas pediram que os participantes avaliassem a doçura do suco numa escala de 1 a 10. No processo, os estudiosos descobriram que algumas moléculas faziam as pessoas perceberem o suco como muito mais doce do que ele, de fato, era. Cientes disso, eles criaram o GC-OAT – uma máquina que faz todo esse trabalho de formiguinha: separa as moléculas de cada cheiro e adiciona à comida que for.
Logo nos primeiros testes, os resultados foram malucos: eles conseguiram fazer batatinhas sem sal parecerem 40% mais salgadas só adicionando moléculas de cheiro de presunto. Também foram capazes de melhorar um queijo light com moléculas do aroma de manteiga misturadas com as de sardinhas.
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Isso acontece porque o cheiro é o que define o gosto. Você sabe muito bem disso, é só lembrar de algum resfriado que deixou seu nariz entupido, e de como a comida fica completamente sem sabor. Esse efeito é conhecido como “congruência”: quando você experimenta alguma comida, o cheiro dela fica ligado ao gosto na sua memória – e embora sejam duas coisas diferentes, você vai conectar para sempre as duas coisas. Então, a ideia do GC-OAT é adicionar o aroma do que a sua memória lembra como “coisas gostosas” em comidas saudáveis – que a sua mente, até então, entendia como “sem gosto”.
Apesar da máquina parecer muito legal, os cientistas ainda não conseguem transformar o cheiro de qualquer comida. Tudo depende da intensidade do gosto original do alimento: se for uma coisa já muito salgada, adicionar mais “cheiro salgado” não vai fazer nenhuma diferença – enquanto comidas com uma quantidade moderada de sal podem, com a ajuda da GC-OAT, enganar o cérebro e fazê-lo entender que está comendo mais sal. Mas, como o que falta nas comidas lights geralmente é sabor, esse não vai ser um problema. E viva à dieta gostosinha!