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Covid-19: Vacina de Oxford induz resposta imune em adultos e idosos, diz estudo preliminar

Anúncio foi recebido com otimismo, já que imunizar pessoas mais velhas é considerado um desafio. A eficácia da vacina, porém, só deve ser comprovada após o fim da fase 3 de testes.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 27 out 2020, 18h37 - Publicado em 27 out 2020, 18h32

A Universidade de Oxford, da Inglaterra, e a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca anunciaram nesta semana que seu protótipo de vacina contra a Covid-19 apresentou resultados positivos nos testes de fase 2. Isso inclui boa resposta imune em pessoas mais velhas – um grupo que preocupa cientistas quando o assunto é imunização. Além disso, os efeitos colaterais observados foram leves.

Os dados detalhados do estudo, porém, ainda não foram divulgados – o anúncio foi feito durante uma reunião acadêmica privada. Segundo a AstraZeneca, o artigo descrevendo os testes foi submetido a uma revista científica e deverá ser publicado “nas próximas semanas”, após ser revisado por outros cientistas.

Os resultados iniciais, de acordo com a farmacêutica, mostram que a resposta imunológica gerada pela vacina em pessoas acima de 56 anos é parecida com a induzida em jovens. Até mesmo “alguns” – nas palavras da AstraZenica – voluntários com mais de 70 anos atingiram o mesmo nível de anticorpos dos adultos mais jovens.

Esse detalhe é especialmente animador: induzir imunidade em pessoas mais velhas é mais difícil, já que o sistema imunológico perde sua capacidade de combate com o tempo. Além disso, o grupo é especialmente vulnerável à Covid-19, tendo as mais altas taxas de mortalidade registradas.

Quanto as questões de segurança, os resultados não mostraram efeitos adversos graves nos voluntários, incluindo os idosos. No entanto, não há informações anunciadas sobre possíveis efeitos colaterais leves.

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“É encorajador ver que as respostas imunológicas foram semelhantes entre adultos mais velhos e mais jovens e que a reatogenicidade [os efeitos colaterais] foi menor em adultos mais velhos, grupo em a gravidade da Covid-19 é maior”, disse um porta-voz da AstraZeneca.

Em julho, a empresa já havia divulgado que a sua candidata a vacina gerava resposta imunológica em adultos jovens e saudáveis. Os resultados desse teste, publicados na revista The Lancet, mostraram que ela induziu uma “resposta imune robusta” nesse grupo de voluntários por pelo menos 56 dias. “Resposta imune”, nesse caso, é a produção de anticorpos e de células T contra o coronavírus, duas armas distintas que nosso corpo usa para combater infecções – você pode entender a diferença de atuação neste texto da SUPER.

A vacina de Oxford é uma das apostas mais promissoras contra a pandemia, que já matou mais de 1,16 milhão de pessoas pelo mundo. Outras candidatas também apresentaram resultados positivos em testes de fase 1 e fase 2, como a da farmacêutica chinesa Sinovac, as das americana Moderna e Pfizer, e a do Instituto de Pesquisas Gamaleya, na Rússia, entre outras. Existem, hoje, mais de 170 times de cientistas pesquisando uma vacina – 63 ensaios estão sendo testados em humanos.

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Nenhuma delas, porém, se provou totalmente eficaz contra o coronavírus. Para isso acontecer, é preciso concluir os estudos de fase 3 – em que milhares de pessoas recebem os imunizantes e seus resultados são comparados com um grupo que recebeu placebo. Só com essa abundância de dados saberemos se alguma dessas vacinas de fato gera imunidade, por quanto tempo dura essa proteção e como ela varia entre diferentes idades, além de outros detalhes.

Até agora, os resultados relatados de todas as vacinas são de fase 1 e 2, em que apenas dezenas ou centenas de pessoas são testadas e o foco principal é checar a segurança da vacina. Embora um nível alto de anticorpos produzidos nessa fase seja um bom indicativo de que elas possam funcionar, não necessariamente prova que a pessoa está imune por um tempo considerável.

As vacinas consideradas mais promissoras são as que estão na última e mais importante fase de testes – no Brasil são duas, a de Oxford e a da Sinovac. O estudo da candidata britânica sofreu um baque recente com o anúncio de que um voluntário brasileiro havia morrido devido às complicações de Covid-19, mas análises posteriores confirmaram que ele recebeu placebo, e não a vacina.

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No mês passado, o estudo também já havia sido pausado quando um voluntário do Reino Unido desenvolveu uma síndrome inflamatória rara, mas, mais tarde, um comitê de segurança independente e a agência reguladora britânica decidiram que seria seguro continuar com o ensaio. Com isso, os testes foram reatados no Brasil, Reino Unido, África do Sul, Índia e, recentemente, nos Estados Unidos.

O desenvolvimento da vacina de Oxford começou ainda janeiro. Chamada provisoriamente de ChAdOx1 nCoV-19, a candidata é baseada em um vetor viral – um tipo de vacina usada em outros vírus atenuados, que foram geneticamente modificados para terem proteínas do SARS-CoV-2 e induzir resposta imune contra ele. No caso da candidata de Oxford, é utilizado um vírus que causa resfriado comum em chimpanzés. Em nosso corpo, ele não causa nenhuma doença, mas “ensina” nosso sistema imunológico a reconhecer as proteínas spike do coronavírus, preparando-o, assim, para combater o invasor caso ele entre em nossas células.

Caso a vacina se prove eficaz, ainda não há previsão para seu lançamento no mercado. A AstraZeneca anunciou que espera finalizar sua fase 3 e começar a venda até o final desse ano, embora outros considerem o primeiro semestre de 2021 como uma meta mais realista. 

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