Você já deve ter escutado que esporte de alto nível não é sinônimo de saúde. Pois bem, aqui vai mais um fato para comprovar essa teoria popular: maratonas não são tão saudáveis quanto parecem.
Um estudo da Universidade Yale publicado recentemente no periódico American Journal of Kidney Diseases comprovou que correr 42 km consecutivos (a distância de uma maratona padrão) compromete o funcionamento dos rins – 80% dos competidores que participaram da pesquisa apresentaram problemas.
Apesar dos órgãos se recuperarem em um intervalo de dois dias, os pesquisadores sugerem que atletas com problemas nos rins, diabetes, hipertensão, idosos e aqueles que estiverem tomando medicamentos anti-inflamatórios fiquem alertas quanto ao impacto das maratonas no funcionamento de seus rins para não haver uma progressão em seus quadros médicos.
Em 2015, mais de meio milhão de pessoas participaram de competições de corrida nos Estados Unidos. Estudos prévios já haviam mostrado a influência de atividades físicas intensas como treinamento militar, colheita de cana e mineração em climas muito quentes na saúde dos rins. Essa é a primeira pesquisa que relaciona os efeitos à maratona.
Para chegar a esses resultados, o time de pesquisadores acompanhou um grupo de participantes da maratona de Hartford, capital do estado de Connecticut, em 2015. Eles coletaram sangue e urina antes e depois da competição e analisaram diversos marcadores de disfunções, bem como níveis de creatinina (se elevada, indica insuficiência renal), células dos rins e proteínas presentes na urina.
Os competidores avaliados não fizeram uso de esteroides ou anti-inflamatórios nas 48 horas que precederam a prova, porque essas substâncias interferem no rendimento físico durante a corrida e, consequentemente, no funcionamento dos rins. Apesar de bem treinados e preparados para a maratona, 82% deles demonstraram sinais de insuficiência renal aguda após a competição – ou seja, os rins não estavam conseguindo filtrar corretamente as impurezas contidas no sangue.
De acordo com os pesquisadores, essa resposta dos órgãos pode ser explicada pelo aumento da temperatura corporal, desidratação ou pela diminuição do fluxo sanguíneo nos rins. Eles destacam que os estudos não levaram em consideração as mudanças de peso durante a prova e que ainda é preciso refazer os testes com uma amostragem maior de participantes.
Os cientistas afirmam que corredores com problemas renais devem consultar seus médicos e treinadores, e que moderação é a palavra chave. Vale lembrar que corridas de longas distâncias melhoram o humor e diminuem os riscos de obesidade, depressão e diabetes, por exemplo. Que essa não seja mais uma desculpa para não praticar exercícios físicos.